domingo, 8 de abril de 2012

Floyd Patterson


Este espaço é reservado para homenagear mestres de qualquer arte marcial ou esporte de combate que - mesmo se saber- utilizaram os princípios do aikido em suas vidas e nos deram grandes lições.

“É fácil fazer qualquer coisa na vitória, é na derrota que o homem se revela”
( Floyd Patterson)

Floyd Patterson (1935 - 2006) foi um campeão excepcional que oscilou entre vitórias contundentes e derrotas memoráveis. Negro, nascido em uma família de 11 irmãos, Floyd cresceu na pobreza. Garoto problemático, arrumava confusão na escola e cometia furtos. Os pequenos delitos lhe renderam dois anos num reformatório onde Patterson foi apresentado ao boxe.

Um começo difícil

Patterson venceu as três lutas que disputou no reformatório até que voltou para casa. Tímido e reservado, encontrou no esporte uma forma de subir na vida. Floyd voltou à Nova Iorque e passou a treinar com Constantine (Cus) D'Amato ( que mais tarde treinou Mike Tyson). Sua primeira luta sob a tutela de D‘Amato, foi como sparring de seu irmão, Frank. Floyd foi massacrado e derrotado, mas não desistiu da luta. Poucos meses depois, Floyd estreou no boxe amador com vitória e já desejava - ainda menor de idade- tornar-se profissional, mas D’Amato tinha outros planos. Após 2 anos como amador, Patterson largou a escola para se juntar a equipe dos Estados Unidos que participou das Olimpiadas de Helsinque em 1952, conquistando o ouro como pesos médios com apenas 17 anos! Ao retornar para a América, Floyd conquistou - no mesmo ano - o Campeonato Nacional Amador e o torneio Luva de Ouro de Nova Iorque. Veio a decisão de se profissionalizar e, aos 17 anos e venceu suas 13 primeiras lutas.

A primeira lição: Mantenha o foco e tenha uma estratégia. O resultado virá com o tempo.

Leve para um peso pesado (tinha 84 kg distribuídos em 1,83m ), procurava compensar com mãos e reflexos rápidos. Em sua primeira grande luta profissional foi derrotado por decisão dos árbitros para ex-campeão dos meio-pesados, Joey Maxim, em 1954. A derrota devastou o jovem Floyd, que reconheceu a vitória da experiência do ex-campeão, Floyd declarou, tempos depois, que Maxim venceu porque lutou de forma mais inteligente.

Isso não abalou Cuz D’Amato, que ainda enxergava o grande potencial de Patterson. Quando Rocky Marciano se aposentou - invicto como campeão dos pesos pesados - Floyd surgiu como um dos candidatos ao cinturão vago. Em 30 de novembro de 1956, Floyd Patterson nocauteou Archie Moore, se tornando o mais jovem campeão mundial peso pesado de boxe, com 21 anos e 10 meses, (esse recorde só foi superado por Mike Tyson) , e o primeiro campeão olímpico a ostentar um cinturão de campeão mundial profissional de boxe. Patterson defendeu o cinturão 4 vezes.

A grande lição: Cair 10 vezes e levantar 11. Se possível, nunca cair.

Floyd Patterson e Ingemar Johansson (também conhecido como "O martelo de Thor") se enfrentaram 3 vezes de forma espetacular . Na primeira vez, em 1959, depois de 2 rounds mornos, Johansson derrubou o campeão 7 vezes até o árbitro declarar nocaute técnico no 3º round. Alguns dias depois da luta, ao ser questionado sobre ser o campeão mundial que mais vezes sofreu knock downs, Patterson respondeu:

“Dizem que eu fui o lutador que mais foi derrubado, mas eu também fui o que mais se levantou.”

A terceira lição: Dominar o ódio.

Obstinado, Patterson não descansou ate conseguir uma revanche. A nova luta aconteceu um ano depois, no Egito e valia o título mundial. No combate, Floyd derrubou o adversário no 5º assalto e Johansson precisou de cinco minutos para se levantar. A conquista do título transformou Patterson no primeiro bicampeão mundial da história do boxe.
A motivação para a revanche, entretanto, não foi motivo de orgulho.
Em entrevista à revista Sports Illustrated, Patterson disse:

“Eu estava cheio de ódio, e eu não gostaria de sentir isso novamente”.

Em 1961, Johansson e Patterson se enfrentaram mais uma vez, com nova vitória de Patterson, por nocaute no 6º round. Essas derrotas foram as únicas da carreira de Johansson.

Patterson perdeu novamente o título mundial, com uma derrota por nocaute para Sonny Liston (10 kg mais pesado) no primeiro assalto. Patterson pediu a revanche e novamente foi derrotado.

A Quarta Lição: Não dá pra vencer sempre. Mas isso não é o fim do mundo.

Após as duas derrotas para Liston, muitos decretaram o fim da carreira de Patterson. Ser criticado e ter a competência posta a prova, e mostrar que estão todos errados parecia ser uma constante na vida do lutador. Floyd venceu mais cinco lutas pelo direito de desafiar o jovem Muhammad Ali
em 1965. Ali precisou de 12 assaltos para vencer por nocaute técnico. Floyd foi derrotado em outras duas disputas de cinturão, para Jimmy Ellis, em 1968, e novamente para Ali, última luta da carreira de Floyd Patterson, em 1972. Se aposentou com um cartel de 55 vitórias, sendo 40 por nocaute, 8 derrotas – seis delas em disputas de títulos mundiais - e uma luta terminou empatada. Entrou para o United States Olympic Committee Hall of Fame em 1987 e para o International Boxing Hall of Fame in 1991.



“É fácil fazer qualquer coisa na vitória, é na derrota que o homem se revela”.
(Floyd Patterson)



Última lição: Faça sua parte e torne o mundo um lugar melhor

Numa época onde o racismo era bem mais forte nos Estados Unidos, Floyd Patterson mostrou ser um campeão do bem. Os negros, incluindo Floyd. eram impedidos, por exemplo, de comer nos mesmos restaurantes que serviam brancos. Patterson insistiu então, que os promotores impedissem a segregação de lugares nas suas lutas. Além disso, recusava-se a viajar em trens com lugares separados para negros e brancos. Patterson se tornou inimigo da separação por raças e lutou por seus direitos civis dentro e fora dos ringues.
Manoel Felipe M de Albuquerque
Praticante de medicina veterinária e aikido, acredita que fazer o que se gosta é como estar apaixonado . O que vc ama, aquilo que vc quer vc luta para ter e manter, mesmo sabendo que o processo pode ser acompanhado de dor e sofrimento.


Referências e Imagens:

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