Anatomia da faca

Se vis pacem, para bellum

(Se queres a paz, prepara-te para a guerra)

Publius Flavius Vegetius Renatus

Uma vez que a faca é uma das armas mais estudadas na defesa pessoal, talvez este texto possa ser de alguma utilidade. É importante lembrar que não existe um consenso generalizado sobre a anatomia da faca. Assim, colocamos a nomenclatura mais comum e não temos a pretensão de considerar este texto como definitivo.

Existem diversos tipos de facas ( culinárias, de jardinagem, de arremesso, sobrevivência, de caça, militares, facões, machetes, bolos, etc) e descreve-las todas exigiria um volumoso tratado sobre o assunto. Assim, nos restringiremos às facas de combate. Pesquisando na net, encontramos um texto do Mário - publicado em 2009- bastante elucidativo, o tomamos a liberdade de fazer pequenas alterações

Basicamente, toda faca é dividida entre lâmina e punho. Mesmo em facas que não têm revestimento no punho (por exemplo a as facas de arremesso), não quer dizer que não o tenham pois a função sobrepõe-se à fisionomia do objeto.

A Lâmina

Ponta (point): Parte fundamental e posterior da lâmina que se destina a perfurar e onde geralmente convergem as linhas de desbaste do gume.
Fio de Corte ou Gume (edge): Parte afiada destinada ao corte. Resulta do processo de desbaste da lâmina num ou em ambos os lados da folha de metal. Nas adagas e punhais o gume existe dos 2 lados.
Plano de Desbaste ou Bisel (grind ou bevel): Área que vai desde o dorso até ao fio de forma progressiva e que é determinante quanto à resistência da lâmina e ao seu poder de corte.
Ricasso (ricasso): Área anterior da lâmina (geralmente junto à guarda do punho) que mantém a espessura original e confere uma resistência extra à lâmina assim como funciona de segurança. Cuteleiros conceituados normalmente colocam suas marcas aí
Espigão (tang): Parte da lâmina que percorre parte ou a totalidade do punho. Serve como união entre a lâmina e o cabo. Nas facas de arremesso, onde muitas vezes o espigao é o punho.
Fio Falso (false edge): Resulta da convergência de um segundo desbaste e embora pareça, não corta. Serve apenas como auxiliar de penetração. Caso seja afiado, recebe o nome de contra-fio.
Espinha ou Dorso (back ou spine): Parte mais larga da lâmina e que garante a resistência da mesma. Chama-se espinha especialmente quando se encontra no centro de uma lâmina de dois fios (adagas e punhais).
Mosca (fuller): Também é chamada de cava de sangria. Reentrância longitudinal na lâmina que tem vários propósitos incluindo o de retirar peso à faca e de facilitar o retirar da faca caso esta penetre na totalidade (evita a geração de vácuo).

O Punho

Guarda (guard): Protege a mão do utilizador de deslizar para a lâmina, possibilitando que este exerça mais força no ato. No tanto japonês, é chamado de tsuba e nem sempre é obrigatório.
Cabo (grip): Também conhecido como empunhadura. Deve ser confortável, prático e ergonômico
Furo de Atilho (lanyard hole): Destinado a prender um atilho ou corrente que facilite o acesso à faca ou permitindo que esta possa ser pendurada.
Cravo (nail): Taco metálico facultativo que faz a união entre o punho e o espigão. No tanto japonês é chamado de mekugi
Pomo (butt ou pummel): Parte mais anterior da faca. Nas facas de sobrevivência, os pomos podem ser funcionais ( podem servir de martelo, bússola ou quebra-vidros).

Segundo João Carlos Fogaça, Um outro tipo de faca atualmente admiradas tanto pela funcionalidade quanto pela beleza, chamadas Criollas, de construção integral (forjadas a partir de uma única barra cilíndrica de aço) apresenta uma pequena variação que vale a pena citar:

"Costumam ter uma transição entre a lâmina e o cabo chamada VIROLA, que é parte integrante da estrutura da faca. Mas se esta parte for colocada avulsa e não fizer parte da estrutura , tem o nome de BOTÃO. A parte inferior, que serve como guarda de mão, é chamada de GAVIÃO"