O texto de hoje foi retirado do site AIKIDO CURITIBA e foi publicado em novembro de 2011. O Shihan Wagner Bull é o CEO do Instituto Takemussu e inegavelmente o maior divulgador do AIKIDO no Brasil. Mais informações sobre ele aqui. As imagens foram inseridas no texto original apenas com o fim de ilustração e divulgação. Boa leitura!
O Aikido e a Espada Japonesa
(Wagner Bull Shihan)
Em minhas aulas de Aikido no Instituto Takemussu, sempre repito a importância em se praticar as técnicas com os braços curvados da mesma forma que a espada japonesa, o “kataná” é construído. Afinal, quando a Natureza trabalha no plano horizontal ela sempre faz curvas. A razão disto é que devido à ação da gravidade, para minimizar esforços ela procura sempre se livrar de flexões, e curva tudo o que é horizontal para através do “efeito de arco”, verticalizar os esforços. Por esta mesma razão a espada japonesa é curvada. Evidentemente que para os esgrimistas japoneses, a espada ganha vida, tem espírito, e não se pode analisar a mesma apenas sob o ponto de vista meramente analítico e material e são capazes de dilacerar o que tenham à frente, ou secionaram o que seja seu alvo. Há muita coisa para ser conhecida sobre a montagem das espadas e sobre os artífices que fizeram de seus componentes verdadeiras obras de arte. Assim como no Aikido e nas artes marciais a mãos nuas, se usa a mão e os pés para perfurar (tsuki), e golpear a espada tem poder de perfuração e de corte. O poder de perfuração que tem a espada japonesa, é uma herança direta da espada chinesa; aliás, quase tudo no Japão antigo recebia influência da China: as vestimentas da moda, a filosofia de Confúcio e, como não podia deixar de ser, a espada Naquela época, as espadas eram chamadas karatachi, (espada chinesa).
As espadas mais usadas na China eram dao, de lâmina curva e aumentando de largura na ponta, sendo usada principalmente nas guerras; e o gim, de uso palaciano, com lâmina de corte duplo. O nome gim deu origem ao nome ken das espadas japonesas. A luta com a espada gim se caracterizava por golpes feitos somente com a ponta da lâmina ou a parte adjacente à mesma. Essa luta visava estocadas ou o corte de músculos, assim como incisões em tendões localizados e escolhidos com precisão. Fazia-se isso com movimentos de pouca amplitude e muita rapidez. Quando foram usadas no Japão, aí então importadas da Coréia e chamadas de korai tsurugi, essas lâminas tinham o formato da espada gim, isto é, com corte duplo e com seus dois fios se unindo na ponta. Os japoneses, mais familiarizados com o esgrima de menos estocadas e de movimentos mais amplos, sem as sinuosas evoluções dos chineses, dispensaram o corte duplo dotando suas lâminas com corte de apenas um lado e com uma ponta chanfrada e menor. Dessa forma, a ponta da lâmina foi convertida em uma peça menos para estocadas e de mais valia como finalização de cortes feitos com a parte mais larga da arma. Isso foi ficando assim até a invasão mongólica do solo nipônico.

Por outro lado, sendo essa espada dotada de uma curvatura na porção do meio para a ponta, ela dá ao espadachim a economia de esforço para cortes, vantagem já mencionada com relação às lâminas curvas. O modo de manejar a espada no Japão é muito diferente da maneira ocidental de faze-lo. Na maioria das vezes segura-se a arma com as duas mãos, ficando a direita bem junto à copa e a esquerda na beira do punho. No ocidente, durante a idade média as espadas eram brandidas segurando-se também com ambas as mãos, porém isso era devido ao fato de naquela época elas serem muito pesadas. No oriente o motivo é outro, sendo mais por uma questão que se pode chamar de mecânica. Para o espachim japonês a espada funciona como uma espécie de alavanca. A mão direita segurando a arma perto do seu centro fica sendo o “ponto de apoio”; a beirada do punho da espada passa a ser a parte dessa alavanca onde a mão esquerda exerce a “força de potência”, ficando dessa maneira a ponta da lâmina convertida em “força de resistência”.

Quem gosta de artes marciais japonesas não devem deixar de estudar e praticar com as espadas, pois são poderosas ferramentas para se desenvolver centralização, velocidade, e domínio da linha central e uso da força global do corpo concentrada em um ponto ou trajetória. Por isto esta prática é obrigatória para os praticantes avançados no Instituto Takemussu.
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