Todos os indivíduos têm uma missão particular. Alguns podem ter como missão ser médicos e curar doenças. Outros, construir prédios. Outros ainda, têm como missão trabalhos que exigem menor complexidade, porém igualmente importante como limpeza e manutenção. Mas todos têm a mesma importância, desde que aqueles que as exerçam consigam provocar em seus clientes o sorriso, o brilho nos olhos, a satisfação. Aí existe a certeza de que estão cumprindo a missão que lhes foi destinada.
Ao trilhar o seu caminho, a vida impõe adversidades. Nessas situações, existem duas formas de se encarar uma situação. A primeira é a atitude do mendigo. É o sujeito que pensa sempre em auferir vantagens: quer o emprego "X' em virtude do que o mesmo poderá lhe proporcionar, do salário que irá obter, no status que irá gozar; quer a amizade/namoro com pessoa "Y" pelo patrimônio que poderá ganhar e/ou pelos contatos que poderá obter. Suas palavras chaves são: quero, preciso, peço, tomo.
Um exemplo é o sujeito que vai a uma entrevista de emprego e diz ao avaliador que "se não fosse o João da contabilidade, ele poderia ter sido vice-presidente da empresa". Possivelmente o entrevistador não falará nada, mas pensará: "tanto talento e foi enganado pelo João da contabilidade. Tenho na minha frente um idiota".
A outra é a postura do guerreiro, que busca a melhor forma de servir ao próximo. O guerreiro quer o emprego "X" porque o mesmo lhe possibilitará cumprir sua missão. Ao iniciar um trabalho, uma pesquisa, procura apenas obter meios para melhor ajudar seu semelhante. Uma pessoa assim dificilmente ficará desempregada ou terá dificuldades em se estabelecer numa relação interpessoal. Ele lidera apenas com autoridade, sem demonstrações de força. Será o que chamamos de líder servidor.
Quando o mendigo enfrenta um problema ele se pergunta: Por que comigo? Que mal eu fiz? Quando o guerreiro se depara com uma adversidade ele se pergunta: O que eu posso fazer a respeito?
Vivendo num mundo cada vez mais competitivo, onde sobram exemplos de “vitoriosos” que fazem o uso de drogas, violência e prostituição, as pessoas – especialmente os jovens - necessitam de um referencial. Nesse contexto, a prática do aikido pode ajudar – e muito - na formação da juventude, pois estimula o praticante a ter a postura do guerreiro, do líder servidor.
Diferentemente de outras artes marciais, o objetivo do aikido não é destruir o adversário, mas buscar seu convencimento, sua compreensão. Extremamente eficiente do ponto de vista da defesa pessoal, seu fim é transformar a humanidade numa grande família.
Para melhor explicar a afirmação acima, utilizo-me do ensinamento cristão de que não devemos resistir ao próximo. De que se alguém nos esbofetear a face direita, devemos oferecer também a esquerda. O pensamento do criador do aikido seria: “se Fulano me agredir estará pecando contra mim e contra si próprio. Não posso permitir que ele me agrida, pois o mesmo irá cometer pecado e se prejudicar”.
A execução correta de certos movimentos auxilia na formação do caráter do praticante. Algumas técnicas exigem mais sensibilidade, outras, mais iniciativa. Em outras, ainda, aprende a criar oportunidades. Existem situações na prática onde o praticante deve aprender a não resistir e conhecer seus limites.
Neste momento o autor pergunta ao leitor: Se um jovem aprender princípio de etiqueta e não resistência, terá ele necessidade de ser desrespeitoso com seus pais e professores? Se aprender disciplina, como poderá desprezar o estudo? Se aprender a se relacionar com o próximo, este jovem será capaz de se aproveitar de uma garota? E se uma jovem conhecer seus limites, não será mais difícil dela ficar grávida?
Essa é a minha concepção de aikido!
Manoel Felipe Mesquita de Albuquerque
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