Artigo da primeira página da revista: Classical Fighting Arts Magazine (USA) – No. 7 (2005). Seção: Birô do Editor-chefe : David Chambers
( Tradução: Rilton Rodrigues – 5º. Dan Karatê-dô – BKK-PE. - WUKO (Abril de 2011))
Muitas das correspondências recentes que têm chegado ao nosso escritório editorial, tem se relacionado à alta proliferação de graduações superiores (Dan) e o uso de títulos como “Shihan-Hanshi; Kyoshi e Renshi”. Acontece muita confusão no ocidente em relação a estas coisas, por um lado pela falta de modelos padrões, que na realidade existem de fato, e que têm suas raízes na sociedade feudal japonesa e são de fato, títulos um tanto obscuros, especialmente para os ocidentais que não têm domínio da língua e da cultura japonesa.
No mundo real do “NIPPON BUDÔ” ou Artes Marciais Japonesas, estes títulos são concedidos ou conferidos-premiados somente aos mais merecedores. Por exemplo, a “All Japan Butoku Kai” (Federação de todas as artes marciais do Japão), conferiu ao grande Mestre fundador do sistema Goju-ryu de Karatê – Chojun Miyagi, o título de “KYOSHI” em 1937. Por sua vez, o Mestre Gishin Funakoshi, o patriarca do sistema Shôtôkan de Karatê, recebeu o título de “Renshi” da mesma Butoku Kai em 1938, e posteriormente o título de “Kyoshi” em 1943, quando o presidente desta organização era ninguém menos que o supremo comandante militar e primeiro ministro do Japão – Hideki Tôjo. Estes mestres foram escolhidos a dedo entre muitos outros para serem honrados com estes títulos, uma indicação clara do nível de respeito conseguido por eles e a habilidade e importância destes mestres na época.
Hoje em dia, contudo, uma pesquisa na rede mundial (Internet) irá revelar milhares de instrutores reivindicam e afirmam “ter” esses títulos. Nós deveríamos perceber, portanto que, nesse sentido, o nível básico do Karatê tem caído dramaticamente, em comparação com o tempo em que os Sensei – Miyagi e Funakoshi. E também acontece que milhares de modernos instrutores sentirem que os mesmos são “iguais” ou mesmo “superiores” tecnicamente a esses renomados mestres do Karatê mundial, o que, convenhamos, é muito difícil de ser verdade.
Baseado em minha experiência, muitos dos quais que utilizam estes títulos ou graduação de Renshi, Kyoshi, Shihan ou Hanshi, têm pouco conhecimento das origens desses termos, suas significações, ou como ou por quem possa ser legitimada a sua outorga ou recebimento. Eles têm que imaginar ou achar que “mereçam”, dado que sabem tão pouco sobre essa questão. Como podem, então, tais pessoas serem honradas com tais títulos?
Esses títulos honoríficos somente deveriam ser emitidos por organizações que possam representar a arte marcial filiada à um departamento de governo ou ministério da educação, ou diretamente à um governo de um país. Os candidatos necessitariam serem reconhecidos e a confirmarem os requisitos básicos – tais como: Graduação vigente; idade cronológica; experiência respeitada dentro da arte marcial; ter elevado caráter e ser aprovado em exame em exames teóricos e práticos. Assim como todas as questões e matérias oficiais no Japão, tudo é devidamente documentado. Para prevenir fraudes, os examinadores (em mínimo de três), são previamente escolhidos, e pelo menos um deles tem que possuir dois graus (Dan) acima do candidato em questão. Depois de assinado o Diploma (Certificado), um selo especial é aplicado; metade um para o diploma e outra metade para um livro de registros, a fim de criar uma impressão única e evitar fraudes.
Os requerimentos largamente reconhecidos para a graduação a esses títulos honoríficos são os seguintes:
• RENSHI – Instrutor 練士
O termo “Renshi” no contexto histórico era um homem (guerreiro samurai), que liderava um grupo de soldados (“bushi”), devido às virtudes de sua habilidade técnica superior. Nos temposm de hoje, o candidato precisa ter no mínimo, estar no 4º. (quarto) grau (yondan) da arte marcial (origem japponesa) por pelo menos dois anos e também ser uma pessoa de excepcional habilidade física e mental.
Shidōin (指導員)- Também existe este termo nas Artes Marciais japonesas, que se refere à instrutor, pura e simplesmente, ser ser título honorífico.
• KYOSHI – Instrutor sênior - 教師
No caso esta formação, com este segundo kanji (caractere), se refere à instrutor ou professor universitário por exemplo, praticamente o mesmo que “sensei”. No entanto, trocando-se apenas o segundo Kanji pelo - “Shi” (segundo caractere do termo anterior “Renshi”), significando “guerreiro samurai” é, então, o que se refere o termo “Kyoshi” (教士),do contexto histórico-feudal do Japão e usado pela organização que congrega as Artes Marciais do Japão a “Dai Nippon Butokukai”).
A pessoa que recebia o termo “Kyoshi” era responsável, na época feudal, por treinar e preparar uma esquadra (legião) de soldados samurais. No caso do artista marcial, este precisa ter mais de 45 (quarenta e cinco) anos de idade, possuir o 6º. Grau (Rokudan) ou mais, e ter tido o título de “Renshi” por pelo menos 2 (dois) anos. Também tem que possuir elevado caráter, além de possuir habilidades de alto nível. O mesmo deve ser submetido a um rigoroso exame teórico e prático antes de receber esta honraria, prêmio.
• HANSHI (範士 Instrutor Mestre, “professor dos professores”)
Este é o mais alto grau dos instrutores ativos das artes japonesas como Kendô, Aikidô, Judô Karatê-dô, Kyudô, etc. O candidato precisa ser uma pessoa de excelente caráter e reputação ilibada, ter conseguido o 8º. Grau (hatchidan) na arte em questão, de uma escola (organização) reconhecida, ter tido o título de “Kyoshi” pelo período de 10 (dez) anos, no mínimo e ter pelo menos a idade de 55 (cinquenta e cinco) anos. O mesmo(a) precisa ter tido uma significante contribuição para o desenvolvimento da sua arte como autor de publicações e o professsorado.
Este título é considerado um pré requisito para a obtenção dos últimos títulos como: SHIHAN - 師範 (Aquele que coordena os Hanshi) e
MEJIN - 名人 (Grande Mestre). Só conferidos em condições altamente especiais.
* OBS:
No entanto, hoje em dia, ao redor do mundo se utiliza e se confere indiscriminadamente o termo “SHIHAN” (significando, no caso, “Instrutor chefe”), para referir-se a alguém que algum grupo julga “especial”, porém sem respeitar os critérios tradicionais da Dai Nippon Butokukai, nem se obedece à uma graduação em particular, ao ponto de até a candidatos que recém receberam o 5º. Dan numa arte, por exemplo, serem chamados de “Shihan”, o que se entenda, é uma pretensão, além de “inflar” o EGO dos mesmos, e geralmente não está atrelada a critérios bem definidos e estruturados, como os mostrados acima.
* Impressões pessoais do tradutor.
Segue a tradução do texto original:
Depois que o Japão tornou-se uma monarquia constitucional no final do período feudal Tokugawa, este sistema de ranquiamento descrito neste artigo, substituiu o método mais antigo e tradicional de premiação-graduação, o “Menkyô Kaiden” (certificado de maestria), que eram conferidos pessoalmente por um dado mestre que qualificava o alto nível de habilidade de um aluno seu.
No caso das famílias de tradição marcial, no caso do aluno mais habilidoso não ser um membro direto da família, o mesmo poderia ser “adotado” para poder continuar a tradição marcial da família e se tornar o próximo “SOKE” - (chefe continuador da tradição familiar).
Por tudo que já foi descrito até agora, pode-se concluir que existem poucos praticantes de karatê, por exemplo, que estejam realmente habilitados a receberem tais títulos. Isto é para aqueles que os possuem, os mesmos devem apresentar um certificado-diploma, com selo especial – carimbo, ratificando que possuem registro num órgão registrado ao governo do Japão ou de Okinawa. Também que eles tenham feito significantes contribuições para a sua arte marcial dentro e fora do seu país e terem praticado por pelo menos 40 (quarenta anos), como também apresentar uma história-trajetória marcial livres de culpas ou acusações de qualquer sorte.
Deve ser salientado também que estes títulos honoríficos eram muito menos comuns nas organizações de karatê em Okinawa do que nas escolas de karatê do arquipélago principal do Japão, por exemplo. Muitas escolas (Ryuha ) de Okinawa não reconhecem este sistema de titularidade em relação ao karatê, observando que isso é uma criação das ilhas principais do Japão e mais apropriado para as artes do Judô, Kendô e o Kyudô, artes puramente japonesas. No que eles provavelmente estão certos.
A questão da pessoa que clama e usa estes títulos, também dá uma indicação das suas autenticidades. Estes títulos só deveriam ser utilizados em listas oficiais, relatando instrutores-professores de artes marciais, em livros publicados, artigos específicos de tal arte marcial escritas pelo professor em questão. Mas NUNCA em material de propaganda ou divulgação; ou se referir ao mesmo ou chamá-lo destes títulos. Então a não ser nos casos descritos acima, a utilização indevida destes títulos é vista pela sociedade japonesa como maneiras imodestas e não polidas.
A pessoa nunca deveria falar de si própria com o uso de tais títulos (Renshi, Kyoshi, Shihan ou Hanshi). Isto é um mandamento da etiqueta correta; caso contrário demonstraria uma total ignorância ou pior, sabendo desses detalhes, mostraria uma “empáfia”, ou extrema falta de humildade da pessoa em questão. Se você tem treinado uma legítima arte marcial por, digamos 40 (quarenta) anos, claramente é esperado de você um entendimento correto sobre essas questões de etiqueta e costumes, no caso, de origem japonesa.
Na sociedade japonesa – doutores (médicos), advogados e outras pessoas com grau de educação superior, são chamados de “Sensei” pelo público em geral; porém NUNCA chamam a si mesmos desta forma. NÃO IMPORTA a graduação da pessoa em questão, tais pessoas, inclusive os mais graduados das Artes Marciais – são invariavelmente chamados de “Sensei” apenas, mesmo que sejam condecorados como “Kyoshi”, “Renshi”, “Shinan” ou “Hanshi”...
Um dos mais proeminentes professores que conhecemos, tem treinado e praticado a arte do Karatê por cerca de cinqüenta anos, com excelentes professores e tem adquirido alto nível de proeficiência e habilidade. Ele já escreveu livros sobre o Karatê, fez programas de treinamento, produziu DVD’s e ministrou cursos e seminários por todas as partes do mundo. Liderou um movimento que colocou a arte do Karatê Goju-ryu reconhecida como “Arte Marcial Antiga e Tradicional” pelo BUDOKAN (Instituto da Artes Marciais Japonesas) de Tóquio-Japão, além de ser engajado no estabelecimento do “Museu e Instituto de Pesquisa do Karatê de Okinawa”. Ele é graduado como 9º. (nono) DAN – “HANSHI” pelas autoridades do Karatê de Okinawa e do Japão, quando ele estava prestes a completar 60 anos. Mas... quando alguém telefona para ele – ele diz pura e simplesmente: “Moshi,moshi – Higaonna desu” (Alô, alô, aqui é Higaonna!).
No mundo real do “NIPPON BUDÔ” ou Artes Marciais Japonesas, estes títulos são concedidos ou conferidos-premiados somente aos mais merecedores. Por exemplo, a “All Japan Butoku Kai” (Federação de todas as artes marciais do Japão), conferiu ao grande Mestre fundador do sistema Goju-ryu de Karatê – Chojun Miyagi, o título de “KYOSHI” em 1937. Por sua vez, o Mestre Gishin Funakoshi, o patriarca do sistema Shôtôkan de Karatê, recebeu o título de “Renshi” da mesma Butoku Kai em 1938, e posteriormente o título de “Kyoshi” em 1943, quando o presidente desta organização era ninguém menos que o supremo comandante militar e primeiro ministro do Japão – Hideki Tôjo. Estes mestres foram escolhidos a dedo entre muitos outros para serem honrados com estes títulos, uma indicação clara do nível de respeito conseguido por eles e a habilidade e importância destes mestres na época.
Hoje em dia, contudo, uma pesquisa na rede mundial (Internet) irá revelar milhares de instrutores reivindicam e afirmam “ter” esses títulos. Nós deveríamos perceber, portanto que, nesse sentido, o nível básico do Karatê tem caído dramaticamente, em comparação com o tempo em que os Sensei – Miyagi e Funakoshi. E também acontece que milhares de modernos instrutores sentirem que os mesmos são “iguais” ou mesmo “superiores” tecnicamente a esses renomados mestres do Karatê mundial, o que, convenhamos, é muito difícil de ser verdade.
Baseado em minha experiência, muitos dos quais que utilizam estes títulos ou graduação de Renshi, Kyoshi, Shihan ou Hanshi, têm pouco conhecimento das origens desses termos, suas significações, ou como ou por quem possa ser legitimada a sua outorga ou recebimento. Eles têm que imaginar ou achar que “mereçam”, dado que sabem tão pouco sobre essa questão. Como podem, então, tais pessoas serem honradas com tais títulos?
Esses títulos honoríficos somente deveriam ser emitidos por organizações que possam representar a arte marcial filiada à um departamento de governo ou ministério da educação, ou diretamente à um governo de um país. Os candidatos necessitariam serem reconhecidos e a confirmarem os requisitos básicos – tais como: Graduação vigente; idade cronológica; experiência respeitada dentro da arte marcial; ter elevado caráter e ser aprovado em exame em exames teóricos e práticos. Assim como todas as questões e matérias oficiais no Japão, tudo é devidamente documentado. Para prevenir fraudes, os examinadores (em mínimo de três), são previamente escolhidos, e pelo menos um deles tem que possuir dois graus (Dan) acima do candidato em questão. Depois de assinado o Diploma (Certificado), um selo especial é aplicado; metade um para o diploma e outra metade para um livro de registros, a fim de criar uma impressão única e evitar fraudes.
Os requerimentos largamente reconhecidos para a graduação a esses títulos honoríficos são os seguintes:
• RENSHI – Instrutor 練士
O termo “Renshi” no contexto histórico era um homem (guerreiro samurai), que liderava um grupo de soldados (“bushi”), devido às virtudes de sua habilidade técnica superior. Nos temposm de hoje, o candidato precisa ter no mínimo, estar no 4º. (quarto) grau (yondan) da arte marcial (origem japponesa) por pelo menos dois anos e também ser uma pessoa de excepcional habilidade física e mental.
Shidōin (指導員)- Também existe este termo nas Artes Marciais japonesas, que se refere à instrutor, pura e simplesmente, ser ser título honorífico.
• KYOSHI – Instrutor sênior - 教師
No caso esta formação, com este segundo kanji (caractere), se refere à instrutor ou professor universitário por exemplo, praticamente o mesmo que “sensei”. No entanto, trocando-se apenas o segundo Kanji pelo - “Shi” (segundo caractere do termo anterior “Renshi”), significando “guerreiro samurai” é, então, o que se refere o termo “Kyoshi” (教士),do contexto histórico-feudal do Japão e usado pela organização que congrega as Artes Marciais do Japão a “Dai Nippon Butokukai”).
A pessoa que recebia o termo “Kyoshi” era responsável, na época feudal, por treinar e preparar uma esquadra (legião) de soldados samurais. No caso do artista marcial, este precisa ter mais de 45 (quarenta e cinco) anos de idade, possuir o 6º. Grau (Rokudan) ou mais, e ter tido o título de “Renshi” por pelo menos 2 (dois) anos. Também tem que possuir elevado caráter, além de possuir habilidades de alto nível. O mesmo deve ser submetido a um rigoroso exame teórico e prático antes de receber esta honraria, prêmio.
• HANSHI (範士 Instrutor Mestre, “professor dos professores”)
Este é o mais alto grau dos instrutores ativos das artes japonesas como Kendô, Aikidô, Judô Karatê-dô, Kyudô, etc. O candidato precisa ser uma pessoa de excelente caráter e reputação ilibada, ter conseguido o 8º. Grau (hatchidan) na arte em questão, de uma escola (organização) reconhecida, ter tido o título de “Kyoshi” pelo período de 10 (dez) anos, no mínimo e ter pelo menos a idade de 55 (cinquenta e cinco) anos. O mesmo(a) precisa ter tido uma significante contribuição para o desenvolvimento da sua arte como autor de publicações e o professsorado.
Este título é considerado um pré requisito para a obtenção dos últimos títulos como: SHIHAN - 師範 (Aquele que coordena os Hanshi) e
MEJIN - 名人 (Grande Mestre). Só conferidos em condições altamente especiais.
* OBS:
No entanto, hoje em dia, ao redor do mundo se utiliza e se confere indiscriminadamente o termo “SHIHAN” (significando, no caso, “Instrutor chefe”), para referir-se a alguém que algum grupo julga “especial”, porém sem respeitar os critérios tradicionais da Dai Nippon Butokukai, nem se obedece à uma graduação em particular, ao ponto de até a candidatos que recém receberam o 5º. Dan numa arte, por exemplo, serem chamados de “Shihan”, o que se entenda, é uma pretensão, além de “inflar” o EGO dos mesmos, e geralmente não está atrelada a critérios bem definidos e estruturados, como os mostrados acima.
* Impressões pessoais do tradutor.
Segue a tradução do texto original:
Depois que o Japão tornou-se uma monarquia constitucional no final do período feudal Tokugawa, este sistema de ranquiamento descrito neste artigo, substituiu o método mais antigo e tradicional de premiação-graduação, o “Menkyô Kaiden” (certificado de maestria), que eram conferidos pessoalmente por um dado mestre que qualificava o alto nível de habilidade de um aluno seu.
No caso das famílias de tradição marcial, no caso do aluno mais habilidoso não ser um membro direto da família, o mesmo poderia ser “adotado” para poder continuar a tradição marcial da família e se tornar o próximo “SOKE” - (chefe continuador da tradição familiar).
Por tudo que já foi descrito até agora, pode-se concluir que existem poucos praticantes de karatê, por exemplo, que estejam realmente habilitados a receberem tais títulos. Isto é para aqueles que os possuem, os mesmos devem apresentar um certificado-diploma, com selo especial – carimbo, ratificando que possuem registro num órgão registrado ao governo do Japão ou de Okinawa. Também que eles tenham feito significantes contribuições para a sua arte marcial dentro e fora do seu país e terem praticado por pelo menos 40 (quarenta anos), como também apresentar uma história-trajetória marcial livres de culpas ou acusações de qualquer sorte.
Deve ser salientado também que estes títulos honoríficos eram muito menos comuns nas organizações de karatê em Okinawa do que nas escolas de karatê do arquipélago principal do Japão, por exemplo. Muitas escolas (Ryuha ) de Okinawa não reconhecem este sistema de titularidade em relação ao karatê, observando que isso é uma criação das ilhas principais do Japão e mais apropriado para as artes do Judô, Kendô e o Kyudô, artes puramente japonesas. No que eles provavelmente estão certos.
A questão da pessoa que clama e usa estes títulos, também dá uma indicação das suas autenticidades. Estes títulos só deveriam ser utilizados em listas oficiais, relatando instrutores-professores de artes marciais, em livros publicados, artigos específicos de tal arte marcial escritas pelo professor em questão. Mas NUNCA em material de propaganda ou divulgação; ou se referir ao mesmo ou chamá-lo destes títulos. Então a não ser nos casos descritos acima, a utilização indevida destes títulos é vista pela sociedade japonesa como maneiras imodestas e não polidas.
A pessoa nunca deveria falar de si própria com o uso de tais títulos (Renshi, Kyoshi, Shihan ou Hanshi). Isto é um mandamento da etiqueta correta; caso contrário demonstraria uma total ignorância ou pior, sabendo desses detalhes, mostraria uma “empáfia”, ou extrema falta de humildade da pessoa em questão. Se você tem treinado uma legítima arte marcial por, digamos 40 (quarenta) anos, claramente é esperado de você um entendimento correto sobre essas questões de etiqueta e costumes, no caso, de origem japonesa.
Na sociedade japonesa – doutores (médicos), advogados e outras pessoas com grau de educação superior, são chamados de “Sensei” pelo público em geral; porém NUNCA chamam a si mesmos desta forma. NÃO IMPORTA a graduação da pessoa em questão, tais pessoas, inclusive os mais graduados das Artes Marciais – são invariavelmente chamados de “Sensei” apenas, mesmo que sejam condecorados como “Kyoshi”, “Renshi”, “Shinan” ou “Hanshi”...
Um dos mais proeminentes professores que conhecemos, tem treinado e praticado a arte do Karatê por cerca de cinqüenta anos, com excelentes professores e tem adquirido alto nível de proeficiência e habilidade. Ele já escreveu livros sobre o Karatê, fez programas de treinamento, produziu DVD’s e ministrou cursos e seminários por todas as partes do mundo. Liderou um movimento que colocou a arte do Karatê Goju-ryu reconhecida como “Arte Marcial Antiga e Tradicional” pelo BUDOKAN (Instituto da Artes Marciais Japonesas) de Tóquio-Japão, além de ser engajado no estabelecimento do “Museu e Instituto de Pesquisa do Karatê de Okinawa”. Ele é graduado como 9º. (nono) DAN – “HANSHI” pelas autoridades do Karatê de Okinawa e do Japão, quando ele estava prestes a completar 60 anos. Mas... quando alguém telefona para ele – ele diz pura e simplesmente: “Moshi,moshi – Higaonna desu” (Alô, alô, aqui é Higaonna!).
• Com este importante texto esperamos que sejam dirimidas as dúvidas que pairavam sobre estas questões, e que eu possa ter contribuído pela melhoria do nível das artes marciais de origem japonesa no Brasil, ou pelo menos o nível das pessoas agraciadas pela leitura criteriosa deste artigo.
2 comentários:
Vamos resumir?
•RENSHI ( 練士)– Instrutor . Nos dias de hj, 4º Dan;
•SHIDOIN (指導員)- Instrutor (honorífico);
•KYOSHI (教師)– Instrutor sênior. No mínimo 45 anos de idade e 6º Dan;
•HANSHI (範士)- Instrutor Mestre. No mínimo 55 anos de idade, Kyoshi há pelo menos 10 anos, 8º Dan e renomado carater e reputação. É pré-requisito para shihan;
•SHIHAN (師範)- Aquele que coordena os Hanshi. Hj, no ocidente o título está desvirtuado, significando um instrutor chefe de 5º dan;
•MEJIN - 名人 (Grande Mestre). Só concedido em condições altamente especiais.
Existem ainda mais alguns títulos:
KAISO/KAI-CHO- criador. Ex: Morihei Ueshiba, Jigoro Kano, criadores de artes marciais ( aikido e judo);
JUKUCHO- Fundador e Presidente. Ex. Fundador de um estilo de uma arte marcial;
SOKE- É o mais tradicional de todos. Significa “Mestre da Casa” ou “Chefe da Família”, também significando “O Herdeiro” (de sangue ou não) é o responsável pela manutenção da unidade da família (escola). Acima de tudo, ele é o responsável pela preservação dos textos secretos chamados Densho , ferramentas especiais, bem como o conhecimento oral (Kuden) que constituem a escola. Normalmente o soke é o mais habilidoso praticante de um sistema, mas existem situações em que ele é apenas o herdeiro, e o cargo de diretor tecnico pertence a outro;
DOSHU- Literalmente quer dizer Guardião do Caminho. Em um sistema/escola, não pode haver tecnicamente ninguém igual ao doshu. No aikido, ate o presente momento, todos os doshu foram descendentes sanguíneos do Kaiso.
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