O ATEMI: COMO EMPREGAR

Uma luta real é definida 70% por atemis e 30% por arremessos

(Sensei Gozo Shioda, citando os ensinamentos de O-Sensei*)

Uma das muitas ferramentas utilizadas para redirecionar o ataque do uke (atacante) é o atemi (golpe traumático). Para o mestre Carlos Humberto Gomes, não existe aikido sem atemi. O aikijutsu usa esse recurso com muita frequencia, assim como o goshin jitsu. Mas, sendo praticantes de artes pacifistas, o atemi deve ser reservado para os seguintes objetivos:

Distrair: aplicado de forma suave, objetiva apenas distração do uke para o seu redirecionamento. Segundo sensei Saotme, este é o objetivo maior do atemi no aikido;
Impactar: quando o uke tem uma intençao real de nos machucar e lança um ataque mais contundente. Nesse caso o atemi visa inutilizar (ainda que temporariamente) um ou mais membros do atacante, ou mesmo nocauteá-lo ;
Destruir: última opção do defensor, quando enfrentamos diversos atacantes, todos ou a maioria dispostos a tirar nossa vida.

Entretanto, qualquer que seja o motivo pelo qual empregamos o atemi, existem duas formas classicas de desferir o golpe:

Efeito empurrão: Quando vc tenta "atravessar' o alvo. O golpes deve ser executado com a extensão máxima do braço ou perna. Um bom exemplo disso é o soco de 1 polegada, ou os golpes de tameshiwara (demonstrações de quebramento);
Efeito chicote: O golpe é lançado e retornado rapidamente e tem um poder devastador, pois usa a aceleração para intensificar a força ( F=m x a)

Uma impressionante combinação de golpes de efeito chicote de um jovem Mike Tyson...

Sendo um tema polêmico, ambas as formas de golpear têm seus admiradores, bem como seus pontos fortes e fracos. E aí, temos que apelar para a observação verificada nas contendas esportivas. Abaixo citamos algumas verdades e mitos dos golpes com efeito empurrão:

Tem mais chance de nocautear o oponente. Parcialmente verdade. Um nocaute -excetuando os casos onde se atingem pontos vitais- é conseguido quando você supera a capacidade que eu corpo tem em receber ( e absorver) impactos. Por exemplo, se o corpo do uke(atacante) tem capacidade para aguentar golpes com até 199 kg de força e apagar com 200 kg de força, será nocauteado tanto num único golpe de 200 kg como com 4 golpes de 50 kg;
É arriscado. Exige que o praticante coloque toda a sua energia num único golpe, arriscando-se a um contra-ataque. Isso é particularmente verdadeiro quando se desfere ataques contra a cabeça. Já o golpe com efeito chicote preserva a sua defesa, porque sua mão retorna para a guarda imediatamente após o golpe ao invés de permanecer alguns décimos de segundo a mais empurrando o oponente ;
Exige muito mais timming. Não é apenas uma demonstração de força. trata-se de aplicar o golpe certo no momento certo. É só ver como o sensei Gozo Shioda aplicava. Ou mesmo o nocaute do Cain Velasquez em sua primeira luta contra Júnior "Cigano".

Resumindo, acredito que ambas as formas de golpear tem seus prós e contras e que podemos usar tanto uma como a outra, dependendo da situação. Quer atingir mais e arriscar-se menos? Use golpes com efeito chicote. A oportunidade de vencer rapidamente apareceu? Efeito empurrão. Quer atingir o rosto? De preferencia pra um efeito chicote. Usou uma combinação? Inicie com chicote e finalize com empurrão.

Bons treinos!

FELIPE ALBUQUERQUE
Estuda Aikido, Aikijutsu e Goshin Jitsu.
É boa praça, curte a natureza e o filho.
E também acredita que não exista aikido sem atemi.

acredita que não existe aikido sem atemi

Referências:
Atemi no Aikido -Mussubi