segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Onna-bugeisha, Mulheres guerreiras do Japão



Onna-bugeisha, Mulheres guerreiras do Japão




As  Onna-bugeisha eram  mulheres guerreiras pertencente à classe alta japonesa. Muitas esposas, viúvas, filhas e rebeldes respondiam ao chamado do dever de se envolver em uma batalha, geralmente ao lado de samurai homens. Elas eram membros da classe bushi (guerreiro) no Japão feudal e foram treinadas no uso de armas, especialmente a naginata (alabarda), o yumi (arco), o tanto (faca) e a yari (lança). Tudo para  proteger sua casa, família e honra em tempos de guerra, época em estava desprovidas de  de protetores do sexo masculino. 

Entretanto, algumas delas participaram diretamente de batalhas, lutando ao lado de homens e demonstrando que em nada ficavam devendo aos seus companheiros masculinos. As Onna bugueisha - pelo valor demonstrado - quer como guerreiras habilidosas, quer como estrategistas eficientes acabaram influenciando muito o destino do Japão antigo, tanto na liderança de seus clãs, quanto na política nacional quanto na econômica. Entre elas podem ser incluídas a Imperatriz Jingu, Gozen Tomoe, Takeko Nakano e Masako Hōjō 



A Imperatriz Jingu


Cédula com a foto da lendária Imperatriz Jingu
Uma tal mulher, mais tarde conhecida como Imperatriz Jingu (169-269 dC), utilizou suas habilidades para inspirar a mudança econômica e social. Esta lendária bugeisha onna liderou a invasão da Coréia, em 200 dC, depois de seu marido- o imperador Chuai- foi morto em batalha. De acordo com a lenda, ela milagrosamente conduziu os japoneses para a vitória contra os coreanos sem derramar uma gota de sangue. Apesar das controvérsias que cercam sua existência e suas realizações, ela era um exemplo do onna bugeisha na sua totalidade. Séculos depois de sua morte, Jingu foi capaz de transcender as estruturas sócio-econômicas que foram incutidos no Japão. Em 1881, a Imperatriz Jingū tornou-se a primeira mulher a ser destaque em uma cédula ( de dinheiro) japonesa.  




Tomoe Gozen


Será que Tomoe Gozen: realmente existiu?
A Guerra Genpei (1180-1185) marcou a guerra entre os poderosos clãs Taira e Minamoto. Neste tempo, o épico Heike Monogatari foi escrito descrevendo histórias de samurais corajosos e dedicados. Uma desses contos foi dedicado a  Tomoe Gozen, esposa de Minamoto Yoshinaka do clã Minamoto. Ela lutou ao lado de seu marido e tamanhos eram seus feitos que chegou a fazer parte do Estado-Maior de seu Clã. Durante a Batalha de Awazu, atirou-se sobre seu mais forte guerreiro das forças inimigas, imobilizou-o e decapitou-o.  Além disso, Gozen não era um nome, mas um título concedido a homens e mulheres. Quer dizer: honorável.

No conto de Heike , Gozen foi descrita era especialmente bonita, de pele branca, cabelos longos e belos traços. Ele também era uma excelente arqueira, e com uma espada era uma guerreira que valia por mil, pronta para enfrentar um demônio ou um deus, a cavalo ou a pé. Domava cavalos selvagens com grande habilidade; cavalgou através de encostas perigosas, sem nenhum arranhão. Sempre que uma batalha era iminente, Yoshinaka a enviava como sua primeira capitã, equipada com uma armadura pesada, uma grande espada e um arco poderoso, e era mais corajosa do que qualquer um de seus outros guerreiros".

Embora ela não haver provas de sua existência histórica, os feitos atribuídos à ela influenciaram grande parte da classe guerreira, incluindo muitas escolas tradicionais de Naginata. Suas ações no campo de batalha também inspiraram peças artísticas  como Tomoe no Monogatari e diversas pinturas ukiyo. Conforme o tempo passou, a influência das onna bugeisha começou a ser sentida na política.



Hojo Masako



Não existem fotos de Hojo Masako.
Assim, optamos por ilustrar com uma típica Onna Bugiesha
A esposa  de Minamoto no Yoritomo, Hōjō Masako , foi a primeira onna bugueisha  a se tornar uma política de destaque. Após a morte de seu marido Masako tornou-se um monja budista, um destino tradicional das viúvas samurai, tornando-se conhecido como "O General em Hábito de Freira". Ela intimidado pela classe samurai a manifestar apoio político a seu filho, Minamoto no Yoriie , como o primeiro Hōjō Shikken (regente) em Kamakura.

Através de articulações políticas de Masako e seus aliados, as leis do shogunato foram alteradas em favor das mulheres. Mesmo que seu papel principal foi dar apoio à familia e ao marido, passaram a controlar as finanças da casa, administrar propriedades, legar bens, gerenciar empregados, manter seus direitos de herança e serem treinadas para defender suas casas e famílias em tempos de guerra



Nakano Takeiko


Nakano Takeiko
Por causa da influência do filosofia neo-confucionismo e mercado de casamentos estabelecida do Período Edo (1600-1868), o estatus da onna-bugeisha diminuiu significativamente. Boa parte dos samurai não treinavam artes marciais, estavam mais envolvidos com a burocracia e os ideias de de devoção, coragem e abnegação foram substituídos por calma, e obediência passiva. As mulheres, especialmente as filhas de famílias de classe mais altas, foram logo utilizadas como peões para os homens conquistarem sucesso e poder. 

Os direitos das mulheres sofreram graves restrições. Não podiam viajar sem estarem acompanhadas por um homem, e tinham que ter licenças específicas para que pudessem administrar seus negócios (e normalmente eram assediadas por funcionários públicos homens). A maioria da população masculina as viam apenas como meras geradoras e portadoras de crianças e não as concebiam como um companheiro adequado para as batalhas. O relacionamento entre maridos e mulheres parecia mais o de um senhor e seu vassalo. Se quer dormiam juntos: o marido visitava a esposa quando desejava ter um atividade sexual e logo apos a consumação, se retirava para o seu próprio quarto. A auto renúncia e o auto-sacrifício eram  qualidades  imperativa para  uma boa esposa. E infelizmente esse conceito durou até o início do século XX.
Nakano Takeiko, vestida com a armadura

Entretanto, em 1868, durante a Batalha de Aizu , uma dessas guerreiras foi reconhecida. Seu nome:  Nakano Takeko , integrante do Clã Aizu ( o mesmo clã aonde surgiu o Daito Ryu Aikijujutsu).  Reconhecida pelas suas excelentes habilidades, esta mulher foi recrutada e se tornou líder de um corpo formado por cerca de vinte mulheres  que lutou contra o ataque de soldados do Exército Imperial Japonês . Altamente qualificados no emprego da naginata, Takeko e sua equipe se  juntou a 3.000 (três mil) samurais de Aizu contra  os 20000 soldados imperiais. O Templo Hokai em Aizu Bangemachi, na provincia de Fukishima  possui um monumento erguido em sua honra de sua coragem.







Felipe Albuquerque
Médico Veterinário, estuda Aikido, Aikijitsu e Goshin Jitsu
Comprometido com a empatia, proatividade e com a ecologia,
tem uma companheira que o encoraja a lutar por um mundo melhor



Referências e Imagens

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