sábado, 28 de janeiro de 2012

TAMESHIKIRI

Tameshikiri com Wakizashi

No aikido, um dos motivos para o estudo da espada é aperfeiçoar os movimentos, visto que a maioria dos princípios e técnicas do aikido é baseada no manejo dessa arma. Por ser considerada a alma do samurai, dava-se extrema importância à qualidade da espada. O armeiro submetia a lâmina à uma série de testes até considerá-la digna de ser empunhada pelo samurai.

O tameshikiri é o teste final de uma espada japonesa. Não é uma disciplina específica do aikido, mas do kenjutsu, e começa a ser estudada apenas quando o praticante mostra certa experiência com a espada de corte. Entretanto, o aikidoka que tiver interesse em adquirir/manejar um katana deve ter pelo menos uma noção do que é o tameshikiri.

Inicialmente estes testes eram feitos nos corpos de prisioneiros de guerra. Dentro da aplicação moderna, escolheu-se o bambu revestido com uma esteira de palha de arroz. Não existe uma única forma de tameshikiri. Nem um número máximo de feixes de bambu que a espada deve cortar para ser aprovada. Entretanto, pessoas sérias, ao vender espadas japonesas verdadeiras, as classificam de acordo com o tameshikiri.
Uma classificação atualmente adotada é:
Leve: Capaz de cortar frutas, legumes e galhos verdes de até 2 dedos de diâmetro;
Médio: Capaz de cortar garrafas PET, bambu verde, galhos verdes, esteiras, wara;
Pesado: feixes de madeira, bambu seco, esteiras com miolo de madeira, ossos, etc
No Japão, classificação semelhante era dada antigamente às espadas: lâmina de um corpo, lâmina de 2 corpos (capaz de cortar 2 corpos dispostos na horizontal , um em cima do outro), lâmina de 3 e 4 corpos. Há quem fale em lâminas de até 7 corpos, mas essa informação carece de fontes e provas.


Manoel Felipe M de Albuquerque
Aspirante a blogueiro, médico veterinário e estudante de aikido
Imagens:Divulgação

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A postura: Evitando o agressor

Um bom número de mulheres que são atacadas são escolhidas por causa da maneira como elas se apresentaram em público. Algo sobre a sua postura disse ao assaltante, "esta aqui é uma mulher fraca, posso assalta-la, posso levá-la, posso agredi-la". Se você está com medo , ele irá se revelar em sua postura.
Um exemplo de postura de medo é andar de ombros retraídos, cabeça para baixo, braços cruzados na frente ou nos bolsos. Quando você mostra confiança, não anda curvada, os ombros ficam para trás, cabeça erguida, olho no olho, braços ao lado. Uma estatística revelou que aqueles treinados em artes marciais são menos propensos a serem menos atacados por causa da maneira que eles se portam, como caminham. Eles foram treinados para se defender e não tomar uma posição fraca. Eles têm confiança.

1. Aprenda a olhar nos olhos

Quando você olha nos olhos, de alguma forma subconsciente você está comunicando que não tem medo. Você não está enviando sinais não-verbais que lhe falta confiança. Caso seja difícil para você, experimente dar um passo adiante e - numa olha rápida- veja qual a cor dos olhos da outra pessoa . Se mesmo assim for difícil , experimente olhar para a orelha esquerda da pessoa.
Agora, tente esta experiência: a próxima vez que você estiver em um lugar público (shopping, supermercado, da praia,etc), tente passar por todas as pessoas e olhar diretamente nos olhos. (para evitar que elas achem que você as está perseguindo/assediando, cumprimente-as).
Você ficará surpreso com o número de pessoas que não vão olhar para você. Eles vão olhar para baixo ou para longe, mas não para você. É claro que devemos dar um desconto, pois em algumas culturas não é próprio olhar as pessoas nos olhos. Mas, mesmo nas culturas onde não existem esses tabus, em muitos círculos, você vai achar que é difícil encontrar 10 pessoas que vão olhar para você!


2. Cuidado com os braços e ombros

Tire suas mãos fora de seus bolsos quando você anda. Descruze os braços. É bem mais seguro. Caso  você precise se livrar de um invasor, você vai precisar de seus braços para isso. Além disso é muito mais fácil para alguém vir de trás e agarrá-lo se seus braços estão cruzados ou suas mãos no bolso. É um ataque mais fácil e efetivo para o meliante. Não facilite para o agressor .

3. Pelo menos metade de sua batalha é travada na sua mente

"Mas estou com medo", confessa você. "Não sei me defender", argumenta. Saiba que defesa pessoal é muito diferente de esporte de combate. No esporte de combate é importantíssimo ser habilidoso e aprender diversas técnicas de confronto. Se tratando de defesa pessoal, muito mais importante que aprender técnicas de combate é ter uma mente forte, segura. A maioria dos confrontos é vencida pela mente, não pela habilidade corporal. Se você disser para si mesmo que não tem medo - mesmo que você eventualmente tenha - insconscientemente obterá a linguagem corporal adequada e passará a ideia de que não é uma presa fácil .

4. Tenha olhos atras da cabeça.

Ao caminhar, ao atender ao telefone, ao fazer um passeio, eventualmente olhe para os lados ou vire-se para olhar para trás. Caso veja alguém em atitude suspeita, ou que pareça estar lhe seguindo, lhe acompanhando, mude seu itinerário e entre em um local mais movimentado (loja, shopping, supermercado, órgão público, etc). Se a pessoa não lhe acompanhar, desencane. Caso ela lhe siga, ou pode ser coincidência (basta se dirigir a outra loja, para tirar a dúvida). Se a perseguição se confirmar, procure localizar a equipe de segurança da loja (a maioria tem uma) ou a gerência. Caso o problema persista, chame a polícia .

Lembre-se que o marginal é - por sua propria natureza- preguiçoso. Ele não quer ter trabalho. Assim, se dedica a conseguir vítimas frágeis ou pelo menos que pareçam ser frágeis. Não seja uma delas!





Imagens: divulgação

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sokaku Takeda – O pequeno demônio de Aizu







O Sensei Sokaku Takeda foi o professor de artes marciais que mais influenciou o criador do Aikido. Para entender a relação existente entre os dois, Se faz necessário entender a biografia de sensei Takeda, bem como o período em que ele viveu. Sensei Sokaku Takeda nasceu em 1859 em Oike, prefeitura de Fukushima, e foi educado como um samurai durante o período de transição entre o velho e feudal sistema samurai e os tempos modernos do Japão.

A partir de 1876, os samurais ficaram proibidos de portar o seu símbolo (2 espadas). Esse período de mudanças significou, entre outras coisas, que muitos samurais ficaram desempregados e passavam dificuldade, mesmo recebendo uma pequena pensão do estado. As velhas maneiras de lutar não eram mais cogitadas e muitas artes marciais foram esquecidas. Diversas escolas de espadachins (kenjutsu) e ju-jutsu tiveram de se adaptar em sistemas educacionais como o kendo e o judô , abertos ao público onde se era enfocado o comportamento apropriado e o esporte. O aspecto marcial era treinado como forma de auto defesa, ao invés de se concentrar em habilidades para matar o oponente. Muitos samurais poderosos tiveram seus interesses mudados para outras áreas da sociedade, primeiramente como negócios e comércio, um setor que tinha sido desprezado centenas de anos antes. Alguns deles foram bem sucedidos e formaram grandes companhias, que hoje estão entre as maiores do mundo.

O pai de Sensei Sokaku Takeda, Sokichi Takeda, foi um lutador de sumo bem sucedido. Ele também era um expert nas artes da espada (kenjutsu), lança (yari-jutsu) e bo (bastão longo), tendo participado inclusive de batalhas, entre elas a batalha de Tobo-Fushimi em Kyoto, e a batalha do castelo de Aizu-Wakamatsu-cho. Takeda aprendeu todas as artes acima mencionadas através de seu pai, mas também aprendeu kenjutsu na escola Ono-ha Itto. Parecia que seu pai queria fazer dele um homem educado e fez com que frequentasse escola elementar, mas Sokaku Takeda protestou tanto que conseguiu ser expulso, aos 13 anos de idade. Alguns estudiosos sugerem que essa atitude obstinada e desobediente teve um infeliz resultado: Sensei Takeda era analfabeto.

Entretanto, ele convenceu seu pai que seria muito bom para ele, na verdade muito melhor que na escola, torna-se um uchi-deshi (aluno residente) do mestre habilidoso Sensei Kenkichi Sakakibara em Tókio. O dojo era chamado Jikishinkage-ryu dojo, e era renomado pela sua qualidade em diversos sistemas com armas como: kenjutsu, a lança, o pequeno arco, a corrente com foice (kusarigama), a naginata (alabarda) e outras armas menores. Sokaku ficou nesse dojo por 3 anos. Aos 16 anos, ele estava atravessando uma ponte em Inawashiro em Fukushima, e foi atacado por ambos os lados por uma gangue de malfeitores, mas lutou para achar sua saída, cortando as pernas de 4 ou 5 oponentes antes de se jogar no rio , onde ele poderia escapar. No ano seguinte, ele sobreviveu a uma emboscada de 3 bandidos que queriam roubar e mata-lo, mas ganhou a luta com uma série de ataques, que significou a morte de um deles. Preocupado, no mesmo ano, seu pai quis que ele se tornasse monge no santuário de Tsutsukowake em Fukishima, que era administrado por um membro do Clã Aizu, Chikanori Hishona. Este havia se tornado sacerdote e adotado o nome de Tanomno Saigo.

Tanomo Saigo – vamos chamá-lo assim - era detentor de uma arte secreta de defesa, reservada à elite encarregada da proteção do palácio, chamada de oishiki-uchi. Tanomo se desesperava por não encontrar alguém a quem transmitir sua arte. Havia ensinado suas técnicas a seu filho adotivo, Shiro Saigo, que a seguir iria desempenhar papel importante nos primeiros dias do Kodokan, quando os judokas de Kano tinham de enfrentar os desafiantes das antigas escolas de jujutsu. Entretanto, quando foi chegada a hora de Shiro Saigo tomar seu lugar como sucessor do oishiki uchi, ele foi incapaz de se decidir entre seus 2 mestres e abandonou ambas as artes, passando a dedicar-se ao estudo do arco.

Foi durante essas numerosas visitas a Tanomo Saigo que ele estudou o oishiki uchi. Julgando sem dúvida que essa arte punha muita ênfase no ritual e no cerimonial, Takeda Sokaku, seguro de sua experiência e de seus conhecimentos em artes marciais, o modifica. Chama seu estilo de Daito ryu aiki jujutsu. Tanomo Saigo o convence a tornar pública sua arte. “O caminho da espada acabou. Ensine estas técnicas maravilhosas a todos ou o conhecimento de seu clã perecerá”. Mas, ele ficou somente algumas semanas antes de se decidir pelo seu período de auto treinamento, ou musha-shugyo. Dos anos que se seguiram sabe-se que :

• Visitou diversos dojos até chegar ao Momonoi Dojo em Sakai. Lá aprendeu mais técnicas de kenjutsu;
• Juntou-se a grupo de acrobatas que passeava pelo país. Quando foram para Kumamoto, ele viu uma demonstração de Okinawa-te, (uma forma antiga do Karate), que o impressionou muito. Ele desafiou o homem totalmente desarmado e venceu, no entanto, parecia estar tão interessado nessa arte que abandonou seu grupo de acrobatas, e foi ao sul para Okinawa a fim de estudar essa arte mais profundamente por 2 anos;
• Retornou a Kyushu, onde Kendo tinha se tornado moda. Ele estudou Kendo por um ano ou mais. Em 1880 ele estudou a arte da lança no Kumamoto Dojo.
• Passou a ter grande domínio das 18 artes samurais: Jiu Jutsu (combate desarmado, Ken jitsu (espada), Bo Jutsu (bastão longo), shuriken (lançamento de dardos), Kyu Jitsu (arco), So Jitsu (lança), Naginata (alabarda), Kusarigama (foice e corrente), Henso Jitsu (técnicas para ocultar-se), Shinobi (infiltracão), Sui Jitsu (natação), Boryaku (estrategia), Jutte (bastão de ferro), Inton (técnicas de fuga), Tenmon (meteorología), Chimon (geografía), Kiba Jitsu (equitacão) e Nawa (formas de amarrar o oponente). Era tão seguro de sua superioridade, que combatia com a arma mais forte do oponente. E raramente perdia;
• Devido à sua pequena estatura (menos de 1,5m) e notável ferocidade nos combates, passa a ser chamado de “O pequeno demônio do clã Aizu” (Aizu no Ko Tengu).

Takeda era um homem que seguia a linha tradicional do Bushido. Se em seu caminho encontrava malfeitores, não se desviava deles, os enfrentava. Nessa época foi atacado por um enorme grupo de trabalhadores de construção (40 ou 60 pessoas), enquanto estava andando numa rodovia, que parecia conter elementos pertencentes a bandidos, e foi diretamente atacado e teve sua vida ameaçada por diversos deles. Sokaku Takeda sobreviveu abrindo sua saída com sua espada, forjada , e matou diversos deles. Na corte foi acusado de homicídio, mas não foi decretado culpado e foi solto. Entretanto sua preciosa espada (forjada pelo grande Kotetsu) foi confiscada.

Fatos como esse faziam a fama de sensei Takeda e tinham o lado positivo e negativo. Por um lado, forças policiais frequentemente recorriam a seus préstimos para prisão de maus elementos. Por outro, chegou a incomodar setores mais progressistas de pessoas ligadas ao governo que cogitaram sua morte. Além disso, sempre havia a possibilidade de vingança por parte das famílias de pessoas mortas por ele. Em virtude disso, Takeda reforçou cuidados com sua segurança: ao chegar numa cidade, não dormia 2 noites no mesmo hotel. Se a cidade tivesse apenas uma hospedaria, mudava de quarto constantemente e acordava durante a noite a fim de mudar a posição de sua cama. Sua comida tinha de ser preparada na sua frente e por pessoas de sua confiança.






Entre 1898 e 1910, Sensei Sokaku Takeda viajou extensivamente pelo Japão, a fim de ensinar Daito-Ryu Aikijujutsu. Ele ensinava em forma de seminários de 10 dias e teve cerca de 30.000 alunos, muitos deles membros de altos escalões do governo. Todos tiveram seus nomes inscritos no livro de matrícula de sensei Takeda, que existe até hoje. Pouco mais de 20 alunos se destacaram. Um deles foi Morihei Ueshiba.

Ueshiba participou de 2 seminários de 10 dias. Depois procurou treinar o mais frequentemente possível com seu novo mestre, a ponto de convidá-lo a morar em sua casa em Shiratakke, servindo-o como um vassalo. Em 1919 Morihei foi embora de Hokaido (passando sua casa para o nome de Takeda) devido o delicado estado de saúde de seu pai. No caminho para Tanabe, ouviu falar sobre a religião Oomoto e o carismático Onisaburo Deguchi em Ayabe perto de Kyoto. Conhecendo Deguchi, este lhe disse que “seu pai estava se preparando para ir a um lugar melhor”. Logo se converteu à seita.

Nessa época, Ueshiba apesar de não ter o Meykyo Kaiden (certificado máximo de maestria) tinha autorização oficial (Kyoju Dairi) para ensinar o Daito ryu. Os primeiros certificados concedidos pelo sensei Ueshiba a Mochizuki, Kenji Tomiki, Shirata e Gozo Shioda eram de Daito Ryu. Entretanto, o caráter de sensei Takeda e suas exigências financeiras começaram a pesar. Nessa ocasião Takeda chegou a Ayabae (não se sabe se convidado ou não) e ensinou Daito ryu por 4 meses na seita Omote. Diz-se que o encontro entre os dois mestres de Ueshiba foi desastroso: “este homem cheira a sangue e violência”, disse Deguchi. E aconselhou Ueshiba a separar-se dele.

Essa relação de amor e ódio entre Ueshiba e Takeda levou a uma gradativa ruptura entre mestre e discípulo. A ruptura se tornou clara especialmente em 1936, quando Sensei Ueshiba ensinava Daito-Ryu Aikijujutsu na sede do Jornal Asahi em Osaka. Um dia, Sokaku apareceu no dojo, dizendo que ele era a pessoa certa a continuar a ensinar na sede, uma vez que ele era professor de Ueshiba. Desde então, Sensei Ueshiba chamou seu ensinamento de Aiki-budo, Ueshiba-ryu, e nomes similares, durante alguns anos, e então a guerra começou. Foi somente após a segunda guerra mundial, que Sensei Morihei Ueshiba começou a chamar seu caminho de AIKIDO. Na época, a separação foi considerada uma traição pelos praticantes do Daito-ryu.

Sensei Sokaku Takeda continuou a ensinar Daito-Ryu Aikijujutsu até sua morte em 1943. Seu falecimento foi controverso. Há quem diga que, tomado de depressão pela derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, ele cometeu suicídio deixando de se alimentar. Outros, que ele faleceu subitamente após retornar de um de seus seminários. O certificado Meikyo Kainde (nada mais a aprender) foi dado apenas a Takuma Hisa, a Masao Tonedate e , obviamente a seu filho, Tokimune Takeda. As técnicas do Daito ryu influenciaram também outras artes marciais como o Hapkido, o Nippon Shorinji kempo , o Shin n' Taido e um kata de judô chamado goshin jutsu no kata. se o leitor tiver mais interesse, podera ler sobre estas artes marciais em nosso blog.


Provavelmente já durante os anos de 1920, Morihei Ueshiba mudou muitas coisas no curriculum do Aikijujutsu, da mesma forma que Jigoro Kano mudou o velho Kito-ryu jujutsu e outra arte jujutsu para Judo. Ele diminuiu o número de técnicas, as maneiras de fazê-las, mas incorporou também muitas partes filosóficas e esotéricas à arte, da qual não existia no Daito-Ryu Aikijujutsu.

As mudanças feitas por Sensei Morihei Ueshiba, significam que Aikido é outra arte e não Daito-Ryu Aikijujutsu, mas no repertório de técnicas há muitas semelhanças. A semelhança no Daito-Ryu Aikijujutsu foi, na realidade, idêntica antes da guerra, mas após a guerra, pode-se notar uma grande diferença nos modos. Os movimentos tinham então se tornado mais circulares e fluidos.

Hoje Daito-Ryu Aikijujutsu e Aikido vivem lado a lado. O Aikido é muito mais amplo, mas o Daito-Ryu está evoluindo muito nesse momento. Há também indicações de cooperação entre as organizações do Aikido e do Daito-Ryu.







Imagens: Divulgação





Tai Chi Chuan



O que é Tai Chi Chuan ?



As origens dos ideogramas que compõe a palavra Tai Chi Chuan significam:

太 (Tai) - significa o maior, o mais alto, supremo, absoluto

極 ou 极 (Chi /Ji)- significa, original e literalmente, a parte mais alta do telhado (cumeeira).

拳 (Chuan/Qan)- significa punho, soco, luta à mãos livres, boxe.

Logo, Tai Chi Chuan é comumente traduzido como "o boxe supremo" ou "punho do limite supremo" ou mesmo "boxe do Tai Chi (Cosmos)". Vale lembrar que o Tai Chi Tu (diagrama do Tai Chi) também é conhecido no ocidente como o símbolo do Yin Yang.


As origens desta arte marcial encontram-se no taoísmo e no conceito de Yin e Yang, dinamicamente forças opostas que se complementam mutuamente para alcançar a harmonia. O praticante de Tai Chi Chuan visa neutralizar uso da força de seu oponente empregando a mínima quantidade de energia antes de aplicar uma força de combate.

Atualmente o Tai Chi Chuan é praticado em todo o mundo principalmente pela sensação de bem estar e melhoria da saúde oferecida pela pratica. Existe estímulo de órgãos internos, alívio de stress, acalma sistema nervoso, diminui a pressao arterial, energiza o organismo e leva ao fortalecimento muscular e articular. Com a prática regular correta os benefícios tendem a serem mais perceptíveis. Além disso, a idade não é barreira para a prática.


O lado marcial

Vencer o movimento usando a quietude ; vencer a dureza com a suavidade ; vencer o rápido através do lento

Apesar de ser conhecido no ocidente como uma prática terapeutica, o Tai Chi Chuan é uma arte marcial chinesa formidável. Muitos alunos nem sequer percebem que estão na verdade praticando uma complexa e mortal arte marcial interna, cujos segredos foram zelosamente guardados por poucas famílias. Suas técnicas foram aperfeiçoadas em meio à revoluções e guerras.

O estudo da fisiologia, da mecânica corporal, de técnicas de relaxamento e de chi kung (cultivo da energia que envolve a coordenação da respiração, postura e intenção) foram desenvolvidos com o objetivo expresso de matar, ferir ou controlar um oponente de maneira eficiente e também para saúde. Por isso é muito importante para o estudante de Tai Chi Chuan ser capaz de apreciar e compreender o contexto "MARCIAL" da forma, mesmo que o aspecto de luta não lhe interesse.

No Tai Chi Chuan o kati (forma) não é o objetivo final. O kati é apenas uma seqüência de movimentos lentos de exercícios marciais, realizados de forma precisa, de maneira contínua e circular com o corpo inteiro o mais relaxado possível e a mente/intenção (Yi) guiando cada movimento. Dominar um número maior de katis não torna um praticante mais avançado que outro. Além disso, o sistema Tai Chi também incluem outros estudos tais como:
  1. Tui Sau(Tui Shou): empurrar com as mãos;
  2. Chin-ná :chaves/torções;
  3. Sanshou: sparring;
  4. Armas;
  5. Chi Kung/Qi Kung: cultivo da energia;
  6. Filosofia chinêsa :yin/yang, 5 elementos, Ba Gua, etc.


Estilos



Há diversos estilos, tradicionais e conteporâneos. O mais antigo estilo é o Chen (data de 1600) . Os cinco estilos principais em ordem de popularidade mundial são:

Tai chi chuan estilo Yang (楊氏)
Tai chi chuan estilo Wu (吳氏)
Tai chi chuan estilo Chen(陳氏)
Tai chi chuan estilo Wu/Hao(武氏)
Tai chi chuan estilo Sun (孫氏)

A destruição é sempre a última escolha de quem pratica Tai Chi Chuan


Tai Chi Chuan estilo Wu (吳氏)

É o estilo criado pelos Mestres Wu Chuan-yü , Wu Quanyou e Wu Chien-chuan . É o quarto estilo mais antigo (dentre os tradicionais) e atualmente é também o segundo em popularidade. e reconhecido por seu aspecto mais marcial, vez que enfoca bastante agarramentos(chin-ná), deslocamentos (shuai chiao) e também técnicas de luta no solo. No Brasil este estilo foi trazido pelo mestre Wong, atualmente residente na capital de São Paulo.
No Ocidente este estilo é confundido com frequência com o Tai Chi Chuan estilo Wu/Hao (武氏) criado pelo Mestre Wu Yu-hsiang, desconsiderando as diferenças entre os dois estilos. Apesar dos ideogramas e da pronúncia dos dois nomes em chinês serem distintas, sua transcrição para o alfabeto ocidental (romanização) é escrita de forma semelhante.

Não se deixe enganar por formas suaves


Características do Tai Chi Chuan estilo Wu

Tem sua origem no estilo Yang, mas compartilha algumas características com o Tai Chi Chuan estilo Sun.
O estilo Wu enfatiza a importância de manter durante todo o treinamento a coluna alinhada segundo uma linha reta, que vai do topo da cabeça até o calcanhar do pé de trás. Este alinhamento num plano inclinado tem como objetivo ampliar os limites de alcance do praticante. A maioria dos demais estilos de Tai Chi Chuan também treinam este alinhamento ocasionalmente durante a prática das formas e do Tui Shou , mas no estilo Wu isto é mais perceptível.


Outro aspecto significativo do treinamento do estilo Wu é o deslocamento de 100% do peso sobre uma das pernas, "separando yin e yang". A perna que suporta 100% do peso do corpo é considerada a perna yang, já que está "cheia". A perna yin é a que não recebe nenhum peso, está "vazia".




Prof. Dagmar Gonçalves
Taichichuan & Systema

Imagens: divulgação de estilo Wu ( Tai Chi Chuan)

Compressa Quente ou Fria ?



Como toda atividade de impacto, eventualmente podem ocorrer contusões e outras lesões ortopédicas durante a prática do aikido. Uma pergunta frequente nos dojos é se a melhor aplicação é a gelo ou água morna (não se usa água quente ) após o trauma.
Não há um ponto pacífico sobre o tema. Além disso, é bom ter em mente que a medicina é uma ciência de verdades transitórias. Muito do que já se achou certo no passado hoje é considerado errado. Assim, pode ser que no futuro, algo - ou mesmo tudo- do que estejamos relatando aqui poderá ser considerado um absurdo. Além disso, estamos tratando apenas de primeiros socorros. Nada substitui uma boa consulta médica! Se o aluno não melhora rapidamente e fica completamente "zerado" em 48h ou se gradativamente está piorando...Deve ser encaminhado de imediato ao médico. Alunos inconscientes ou que chegaram a perder a consciência devem ser levados ao médico imediatamente pelos serviços de emergencia (SAMU, Corpo de bombeiros, etc).
Tradicionalmente se aconselha que devemos colocar gelo nas primeiras 48 horas e calor depois. Mas, está ganhando cada vez mais força a ideia de usar gelo o tempo todo, tanto na fase aguda quanto nos dias subsequentes.

Porque usar gelo o tempo todo?
O gelo parece ser superior à água morna, principalmente se houver inchaços. Inicialmente o gelo provoca uma vasoconstrição ( a pele fica "branquinha" pela diminuição do fluxo de sangue e o inchaço diminui) e depois de uns minutos uma vasodilatação reflexa (o local fica "vermelho").

Na vasoconstrição o gelo diminui o funcionamento dos nervos, anestesiando (após usar gelo alguns minutos, ao tocarmos na pele, não sentimos o toque provocado pelo contato dos dedos) o local. Essa analgesia permanece mesmo após a retirada do gelo.

Já a água morna provoca somente a vasodilatação. Mas a vasodilatação reflexa - após os primeiros minutos do gelo - é mais intensa e mais prolongada que a da água quente.

Devemos usar gelo em todos os lugares e em todas as pessoas?
Não. Nem todos suportam bem o gelo, principalmente os mais idosos . A região dos pés, por exemplo, responde muito bem a água morna com um pouco de sal.

Já os locais com protuberâncias ósseas salientes são mais sensíveis ao gelo.

Por quanto tempo devemos aplicar o gelo?
O ideal é aplicar o gelo por 15 minutos (no máximo 20 minutos) e dar um intervalo de no mínimo 30 minutos entre uma compressa e outra. Aplicações de gelo por períodos maiores que 20 minutos provoca queimaduras e pode provocar lesões muito graves ( há casos de pessoas que perderam a ponta do nariz ou partes do pé quando expostas ao frio extremo por muito tempo). Nunca coloque o gelo diretamente sobre a pele! A pele deve estar protegida por um pano e o gelo deve estar dentro de uma sacola plástica.


Podemos usar bolsas de gel geladas? Elas substituem o gelo?
Essas bolsas que são colocadas no freezer são muito úteis para crianças (não use gelo em crianças pequenas sem orientação médica). A vantagem para crianças, é que essas bolsas térmicas perdem rapidamente a temperatura em contato com o ar e com a pele. Para os adultos é mais eficiente - e mais barato - colocar 3 ou 4 formas de gelo bem picado dentro de um saco plástico de supermercado. O saco plástico fino cheio de gelo bem picado se molda a superfície da região e proporciona uma temperatura homogênea em todos os pontos.



Podemos aplicar pomadas anti-inflamatórios junto com o gelo?
Sim, o momento ideal para aplicar esses produtos é após a retirada do gelo, quando a pele está avermelhada (vasodilatada) e um pouco úmida, passe um pano seco para enxugar a pele e a seguir (ainda com a pele avermelhada) aplique o creme anti-inflamatório.

O que é banho de contraste e como é feito?
O banho de contraste é o uso alternado de água morna e água gelada. Normalmente é usado para melhorar os edemas (inchaços) crônicos ou nos edemas residuais. Deve ser preparado com duas bacias. Na primeira coloque água morna ( 36-38 ºC) e na outra coloque água gelada com vários cubos de gelo. Inicie colocando os pés ou as mãos na água morna durante 15 a 20 segundos e a seguir coloque na água gelada durante 5 a 10 segundos. Retorne para água morna e repita até completar 20 minutos. À medida que a água morna for esfriando complete com mais água quente.


Devemos sempre usar o gelo para todos as patologias?
Estamos aqui discutindo apenas traumatismos pós-treino. Portadores de inflamações crônicas, idosos e portadores de fibromialgia devem ser avaliados pelo médico.


Manoel Felipe Mesquita de Albuuquerque

Imagens: divulgação

domingo, 22 de janeiro de 2012

Não seja um alvo fácil!




“A melhor forma de sobreviver a um conflito é não entrar em conflito”




É impossível para o cidadão comum evitar totalmente ser vítima de assaltos e outras agressões. Basta observar: a maioria das celebridades e autoridades têm esquemas de seguranças, alguns bons outros nem tanto. E, mesmo assim, são vários os casos de agressões: Ronald Reagan (presidente dos EUA sofreu um atentado em 1981), Abraham Lincoln e John Kennedy (presidentes dos EUA, mortos em 1865 e 1965), John Lennon (assassinado em 1980) , Edmundo Pinto(governador do Acre, assassinado em 1992), Sílvio Santos (sequestrado em 2001), entre outros. Ou seja: quando o bandido está determinado, ele tem grandes chances de conseguir o que deseja.

Vamos encarar a realidade e esquecer os filmes...Mesmo um perito em defesa pessoal pode fazer pouca coisa contra uma arma engatilhada. Além disso o marginal está nervoso, conta com o fator surpresa e raramente age sozinho.

Mas então ...como se defender? Muito mais importante que conhecer com profundidade uma série de técnicas de defesa, é saber evitar a agressão, se antecipando ao meliante. Qualquer que seja a agressão (assalto, sequestro relâmpago, estupro, etc) devemos mostrar ao criminoso que não somos um alvo fácil. Por exemplo:

  1. Andar com um porte confiante e parecer ligado e ciente do ambiente (lembre-se, vítima tem cara de vítima);
  2. Não mostrar exteriormente bens valiosos, tais como jóias, celulares ou dinheiro, principalmente em locais de grande movimentação (filas do metrô, filas debanco/caixas eletrônicos, rodoviárias, ruas, etc);
  3. Empregar todos os aspectos de segurança pessoal: travar as portas do automóvel assim que entrar, desbloqueando-o apenas em local mais seguro (casa, estacionamento da loja, estacionamento pago), não deixar janelas abertas do carro (principalmente à noite), evitar parar em semáforos (ir reduzindo a velocidade lentamente, se tiver que parar, mantenha uma distância de três metros do veículo da frente), etc.
Saiba como seu inimigo pensa

Salvo situações específicas (crimes encomendados, maníacos sexuais, psicopatias, etc), marginais não gostam de vítimas que dão trabalho, preferindo alvos mais fáceis. Criminosos não tem bola de cristal. Apenas selecionam bem suas vítimas. Para saber como escolhem, eu recomendo que façam o exercício descrito abaixo...
Passe uma hora num café de sua cidade (num bairro bem movimentado ou no centro da cidade) , escolha um local próximo a janela e observe as que pessoas que passam.
Imagine que você é um assaltante e escolha quem você gostaria de atacar. Anote as razões pelas quais você preferiu essa pessoa.
Depois de ter compilado e estudado a lista...Passe a exibir o o comportamento oposto e você estará se tornando se um alvo difícil para um agressor.


Manoel Felipe M de Albuquerque
Instrutor de Aikido, aspirante a blogueiro e dedicado a fazer do mundo um lugar melhor
Imagens: Divulgação

Aikido no campo profissional









Feche os olhos. Respire a partir do seu centro. Imagine o tatame. Imagine o exercício do randori. Seu oponente senta-se em todo o tatami. Imagine como ele ou ela se parece. Alto ou baixo? Grande ou pequeno? Forte ou frágil ? Lento ou ou rápido? Ágil ou desajeitado? Talvez seus adversários sejam vários. Então, imagine-os por todo o tatame.

O mundo dos negócios é como um campo de guerra. Você é um ronin. Você treina para influenciar seu inimigo. Para ser pacífico, nunca passivo. Para algumas vezes conduzir, outras ser conduzido, mas sempre controlando o resultado. Seu treinamento é para a vida! Você pode aplicar aikido em tudo de sua vida: equilíbrio, técnica, espírito de engajamento.

Seu inimigo profissional pode ser uma ideia, uma pessoa, várias pessoas, suas próprias dúvidas ou receios, uma situação.

Não há um sinal para começar a batalha. Seu inimigo salta e corre para você. Conduza-o como faria com um uke no tatame. Ao imaginar o inimigo, a maneira que ele olha, move-se e olha para você, você o compreende melhor. Seu lado direito do cérebro faz o trabalho de colorir e pintar este inimigo. A situação randori faz você tira todas as informações que não têm a ver com o deai, com a contratação em si, a sua dinâmica e a da situação que você tem que trazer equilíbrio.

O que acontece depois, o ataque e sua resposta, é o que você tem enfrentado no treinamento do Aikido verdadeiro, no randori. Você sabe que alguns inimigos têm mais poder, outros menos, você tem que movê-lo para fora da linha de ataque, redirecionar sua energia, projetá-los e passar para o próximo atacante que vem. Se houver apenas um atacante, você pode tentar controlar, quando o tempo e a dinâmica são certos. Não há regras para isso, basta técnica e intuição.

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ANATOMIA DO KATANA


Os japoneses deram um nome para cada particularidade da katana. Esse conhecimento é fundamental para descrever, comparar, apreciar, negociar, e solicitar reparos numa katana

Toshin: É o nome próprio da espada como um todo, da ponta da lâmina até a extremidade do cabo. Antigamente era definido no primeiro corte da espada. Ex: se havia decapitado um vendedor de óleo, ela se chamava vendedor de óleo.
Kami: o espírito da espada, a lâmina propriamente dita. Vai da ponta da espada até onde ela se encaixa no cabo.
Nakago: A área da espada não polida que se insere dentro do cabo. É a espiga.
Nakagogiri: A ponta do nakago.
Kissaki: Ponta da espada


Kojiri: ponta da bainha
Munesaki: Ponta da Kissaki
Mune: Dorso da espada. O MAK chama esta parte de Kassana. Há estilos que a denomina Nagasa
Hasaki ou Ha: Parte cortante da Lâmina; o gume.
Machi: Região da intersecção entre o kami e o nakago. É a parte onde se encaixa o colarinho da espada quando ela é montada por completo. O lado que se situa no dorso da espada é o Mune Machi. O lado que se situa na frente da espada é chamado Há Machi
Mekugi Ana: Furo onde se insere o pino que prende a espada ao cabo e estabiliza a montagem da espada.


Saya: a bainha da espada. Era feita de madeira e algumas tinham espaço de encaixe para talheres e outros objetos. Algumas sayas tinham o kojiri oco. Assim, caso o samurai precisasse mergulhar, ele funcionaria como snorkel ( respirador)
Yasurime: Marcas de lima feitas pelo artesão no Nakago. Sua forma é característica de cada escola/ artesão.
Mei: Assinatura do artesão no Nakago.
Hamon: Linha de têmpera da lâmina. Assume diversas formas e desenhos de acordo com o artesão e escola.

Boshi: O hamon da kissaki

Shinogi: Linha que aparece entre o Hamon e o Mune
Koshinogi: Linha entre o Mune da Kissaki e o Boshi
Yokote: Linha que divide a kissaki do resto da lâmina
Mitsukado: É o ponto de intersecção de todas estas linhas: Shinogi, Koshinogi e Yokote.
Ji: Espaço compreendido entre o Mune e o Hamon. É a “carne” da espada, onde podemos observar o trabalho e a atividade do processo da forja. Divide-se entre Shinogi Ji (entre o Mune e o Shinogi) e Hira Ji (entre o Shinogi e o Hamon). No Shinogi Ji podemos encontrar gravações (Horimono) ou sulcos (Hi).


O processo de manufatura da espada era individual. O armeiro tomava uma série de medidas (altura, comprimento do braço, da perna, etc) do samurai e esculpia o modelo. Vamos exemplifiar, dando as medidas abaixo:


Altura do Samurai :1,50 m = Comprimento da lâmina: 66,66 cmAltura do Samurai :1,55 m = Comprimento da lâmina: 68,18 cm
Altura do Samurai :1,60 m = Comprimento da lâmina: 69,69 cm
Altura do Samurai :1,65 m = Comprimento da lâmina: 71,21 cm
Altura do Samurai :1,70 m = Comprimento da lâmina: 72,72 cm
Altura do Samurai :1,75 m = Comprimento da lâmina: 74,24 cm
Altura do Samurai :1,80 m = Comprimento da lâmina: 77,27 cm
Altura do Samurai: 1,85 m = Comprimento da lâmina: 80,30 cm
Altura do Samurai: 1,90 m = Comprimento da lâmina: 83,63 cm


As espadas ocidentais são apreciadas em montagem completa (cabo, guarda, pomo) e toda sua assinatura e gravações se encontram na lâmina. Quando falamos de espadas japonesas, desconsideramos sua montagem (bainha, cabo, guarda). A apreciação da espada japonesa diz respeito apenas à sua lâmina despida. A montagem da espada japonesa pode mudar de dono para dono ou mesmo ser perdida no decorrer dos anos, sem que isto altere a classificação da lâmina


Manoel Felipe M de Albuquerque

Imagens: Divulgação

Referências:
http://www.niten.org.br/katana.html
http://www.tienda-medieval.com/blog/pt/partes-de-katana.html
http://facerj.com.br/php/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=64
http://www.katanasuemitsu.com/index.html
http://ishida.atipico.com.br/
http://estrategiaempresarial.wordpress.com/2008/08/16/conheca-o-unico-japones-no-brasil-forjador-de-espadas-katana/

PREVENINDO LESÕES: ALONGAMENTO OU AQUECIMENTO?

Essa deve ter doído...



Uma das partes mais importantes do treino de qualquer atividade física é ao prevenção de lesões. No caso de atividades que exijam contanto físico, como as artes marciais isto é imprescindível. Longe de esgotar discussões sobre o tema, o autor apenas resumira o pensamento científico corrente , deixando as referencia ao fim do texto.

Tradicionalmente, somos ensinados a alongar no início da pratica , a fim de evitar lesões. Isto é parcialmente verdadeiro. A ciência se modifica e tudo o que se conhecia como verdadeiro na prevenção de lesões foi colocado em xeque por diversos estudos que comprovam que segurar a musculatura em uma determinada posição por 20 a 30 segundos de forma intensa, antes de realizar um exercício, aeróbico ou de musculação pode atrapalhar mais do que ajudar. Corredores de longas distâncias tiveram seus tempos diminuídos, e outros aumentaram o esforço para realização do mesmo percurso. Já em atletas que precisavam de força, verificou-se diminuição de até 30% na mesma e ainda uma diminuição na potência muscular.; Muitas das idéias aqui discutidas ainda não foram concluídas. Em virtude disso, a comunidade científica tem se posicionado da seguinte forma:

1. O alongamento é importante, melhora a postura, aumenta a elasticidade relaxa, ativa a circulação e pode prevenir lesões, mas não deve ser executado nem antes, nem depois dos exercícios. Nessas fases, o alongamento piora o desempenho físico e até favorece o aparecimento de injúrias. O ideal é alongar-se em dias diferentes do treinamento físico em si. Se isso não for possível,
deve ser dedicado uma pequena parcela do treino para um alongamento dinãmico, com movimentos repetitivos, simulando - bem de leve- os movimentos que você fará;


2. Antes da atividade física em si, o ideal é apenas se aquecer . A melhor forma é repetindo – em menor intensidade e velocidade – os mesmos movimentos que fará no decorrer da atividade. Isto é particularmente importante, quando for exigido um grande desempenho físico como um exame de faixa, uma demonstração ou no dia de uma competição.Dessa maneira preparamos a musculatura, aceleramos a frequência cardíaca, melhoramos a amplitude do movimento, funcionamento articular, entre outros.

Na prevenção de lesões, tanto o alongamento quanto o aquecimento são necessários. Pensem no aquecimento como um investimento de curto prazo, onde ele mostra resultados de imediato. Pensem no alongamento como um investimento de médio e longo prazo. Não quer se machucar hj? Apenas aqueça. Quer ter um desempenho máximo hoje? Apenas aqueça. Não quer se machucar na semana seguinte, no mês seguinte? Alongue-se!





Mas sem exageros




Manoel Felipe Mesquita de Albuquerque
Instrutor de Aikido, aspirante a blogueiro, alagoano e apaixonado declarado por todo o nordeste e pelos nordestinos

Referências:

• Almeida, T. T.; Jabur, N. M.; Mitos e verdades sobre flexibilidade: reflexões sobre o treinamento de flexibilidade na saúde dos seres humanos.Motricidade 3(1): 337- 344 http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/mot/v3n1/v3n1a08.pdf
• Rosário, J. L. R; Marques, A. P; Maluf, A. S.; Aspectos clínicos do alongamento: uma revisão da ligeratura/ Clínical aspects of stretching: A literature review. Rev. Bras. Fsioter. 8(1): 83-88; jan-abr.2004. http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=384523&indexSearch=ID
• Borbola Neto, José. Alongamento x Aquecimento: uma revisão de conceitos. JB Neto - files.adrianobelem.webnode.com.br
• Dantas, Estélio Henrique Martin ; Galdino, Leonardo Antônio dos Santoso ; Nogueira, Carlos José;Vale, Rodrigo Gomes de Souza. Efeito agudo do Alongamento Estático sobre o desempenho no Salto Vertical. Revista de Educação Física. UNESP, Vol. 16, No 1 (2010), http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/viewArticle/3119
• Almeida,Paulo Henrique Foppa de ; Barandalize, Danielle; Ribas,Danieli Isabel Romanovitch ,Gallon, Daniela , Macedo, Ana Carolina Brandt de, Gomes, Anna Raquel Silveira . Alongamento Muscular: suas implicações na performance e na prevenção de lesões Muscle stretching: implications at the performance and injury prevention Fisioter. Mov., Curitiba, v. 22, n. 3, p. 335-343, jul./set. 2009 http://www2.pucpr.br/reol/public/7/archive/0007-00002810-ARTIGO_03.PDF

Manual de Orientação do Aikido Dokuritsu

Confira o Manual de Orientação do Aikido Dokuritsu:

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Tanto





A faca (tanto) é um instrumento de caracteristica única. Certamente foi uma das primeiras armas do homem e evoluiu de tal forma que hoje - em todas as sociedades - coexiste em diversas modelos, desde as facas utilitárias (culinárias e de jardinagem) até as temidas armas de combate.

A faca de madeira também é chamada de tanto
Especificamente nas artes marciais japonesas, chama-se tanto a faca de 20-30cm. Existem diversos modelos : reto (yari-tanto/ken-tanto), dissimulado em leque (koshirae), sem guarda, etc. Sua réplica em madeira (usada para treinos) também recebe o mesmo nome. Para os guerreiros japoneses, a arte da faca sempre teve uma atenção especial no cobate à curta distância pela riqueza de movimentos (diversos golpes, direçoes e angulações), agilidade e extrema eficiência. Se isso for aliado a um conhecimento dos pontos críticos a serem atingidos, tem-se um terrível oponente.


Mesmo hoje, com o advento e a naturalidade - legal ou não - do porte de armas de fogo, a faca encontra uso entre terroristas, estupradores, psicopatas e outros marginais devido suas caraterísticas:


1. Grande capacidade de negociação e intimidação;

2. Silenciosa, de fácil ocultação e portabilidade. Não está sujeita a falhas mecânicas como as armas de fogo;


3. Exigir pouco treinamento;

4. Baixo custo, fácil de manufaturar (os presidiários as fazem aos montes) e de adquirir;

5. Difícil de ser defendida. Segundo as estatísticas do FBI é a arma que mais mata nos confrontos de até um metro de distância. (índice superior mesmo  às armas de fogo)


Do ponto de vista da defesa pessoal, é importante se falar que mesmo avançados praticantes de artes marciais têm tido pouco acesso ao combate com facas, visto que esta forma de luta é extremamente perigosa. Visto que o agressor normalmente é violento, imprevisível e no mínimo quer agredi-lo (normalmente quer matá-lo), mesmo um praticante eficiente terá dificuldades em se defender corretamente de um agressor destreinado sem levar alguns cortes. Frente a indivíduos que esgrimam a faca com maestria, dificilmente um defensor com as mãos nuas terá sucesso.
Assim, o estudo do tanto é necessário, não para movimentos coreografados (distantes da realidade), tradicionais - cujo objetivo maior é preservar a essência do estilo - e que estrangulam o desenvolvimento pessoal do estudante. O estudo deve, acima de tudo, incorporar versatilidade e dinamismo. Essa pode ser a diferença entre salvar uma vida!




Manoel FELIPE Mesquita de Albuquerque
Apreciador do respeito à natureza e da liberdade, inclusive dentro dos sistemas de combate.


Imagens: divulgação


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domingo, 15 de janeiro de 2012

Como e quando usar hakama ?





Existem estilos que liberam o hakama apenas para estudantes mais adiantados (1º ou 2º kyu). Outros em que as mulheres podem usar o hakama a partir do 3º kyu. Há ainda aqueles em que o uso do hakama é necessário desde o primeiro dia de treinamento. Acreditamos que os textos abaixo darão uma noção melhor da coisa .

"No Japão do pós-guerra muitas coisas eram difíceis de conseguir, incluindo tecidos. Devido a esta escassez, nós treinávamos sem hakama.
Nós tentamos fabricar hakamas das cortinas usadas nos blackouts nos ataques aéreos, mas devido a sua longa exposição ao sol ao longo dos anos, as áreas dos joelhos se transformavam em pó assim que começávamos a praticar suwari waza. Nós estávamos constantemente remendando aqueles hakamas.
Foi naquelas condições que alguém veio com uma sugestão : "Por que não dizemos que é incorreto o uso do hakama até que você se torne shodan?". Essa idéia foi levada adiante como uma regra temporária para evitar despesas. A idéia de aceitar a sugestão nada teve a haver com tornar o hakama um símbolo de graduação em dan."

(Shigenobu Okumura Sensei, "Aikido Today Magazine", # 41.)





"Quando fui uchi-deshi deO Sensei, todos eram obrigados a usar hakama no treinamento, desde o primeiro momento em que pisavam no tatame. Não havia restrições quanto ao tipo de hakama que você poderia usar e então o dojo era um lugar muito colorido. Via-se hakamas de todos os tipos, todas as cores e todas as qualidades, desde o hakama do kendo, passando pelo listrado da dança japonesa até o luxuoso hakama de seda chamado sendai-hira. Eu imagino que alguns praticantes passavam o diabo por tomarem emprestado o caro hakama de seu avô, confeccionado para ser usado somente em ocasiões especiais e cerimônias, e usa-lo ajoelhado, na pratica de suwari waza.
Eu me lembro claramente do dia em que esqueci meu hakama. Eu estava entrando no tatame para o treinamento usando somente meu dogi, quando O Sensei me deteve : "Onde esta seu hakama ?", ele me perguntou severamente. "O que o faz pensar que você pode receber as instruções de seu professor usando somente suas roupas de baixo ? Você não tem nenhum senso de conveniência ? Você esta obviamente precisando da atitude e da etiqueta necessárias a alguém que tem por objetivo o treinamento do budo. Vá se sentar fora do tatame e assista a aula !"
Essa foi somente a primeira de várias repreensões que recebi de O Sensei. Porém, minha ignorância na ocasião o induziu a instruir seus uchi-deshi depois da aula sobre o uso do hakama . Ele nos disse que o hakama era um traje tradicional dos estudantes de kobudo e perguntou se algum de nós conhecia o significado das sete pregas do hakama.
"Elas simbolizam as 7 virtudes do budo", disse O Sensei ."Elas são jin (benevolência), gi (honra ou justiça), rei (cortesia e etiqueta), chi (sabedoria, inteligência), shin (sinceridade), chu (lealdade) e koh (piedade). Nós encontraremos essas qualidades nos distintos samurais do passado. O hakama nos leva a refletir sobre a natureza do verdadeiro bushido .
Usa-lo simboliza tradições que nos foram transmitidas através de gerações. O aikido se origina do espírito do bushido do Japão e em sua prática nós devemos nos esforçar em aprimorar as sete virtudes tradicionais."

(...)" Atualmente muitos dojos de aikido não seguem as orientações existentes sobre o uso do hakama. Seu uso tem perdido o significado como um símbolo tradicional de virtude para ser considerado como símbolo do status de yudansha. Eu tenho viajado a vários dojos em vários países e em muitos desses lugares onde somente o yudansha usa hakama , o yudansha tem perdido sua humildade. Eles encaram o hakama como um prêmio a ser exibido, como um símbolo visível de sua superioridade. Este tipo de atitude torna a cerimônia de reverência a O'Sensei , com a qual começamos e terminamos cada aula, uma afronta a sua memória e a sua arte.

Pior ainda, em alguns dojos mulheres menos graduadas (e somente as mulheres) são obrigadas a usar hakama, supostamente para preservar seu pudor. Para mim isto é ofensivo e discriminatório para a mulher aikidoista. Isto também é ofensivo ao aikidoista homem, que por isso assume uma atitude de pouco caso que não tem lugar no tatame do aikido.

Ver o hakama ser usado desta maneira mesquinha me entristece. Isto pode parecer uma questão trivial para alguns mas eu lembro bem a enorme importância que O'Sensei dava ao uso do hakama. Eu não posso negar o significado deste traje e ninguém, eu acho, pode discutir o enorme valor das virtudes que simboliza.

Em meu dojo e escolas associadas eu estimulo todos os estudantes a usar hakama independente de seu ranking ou grau (eu não exijo o uso do hakama antes que eles atinjam sua primeira graduação, uma vez que os iniciantes nos EUA geralmente não têm avós japoneses cujo hakama possa ser emprestado). Eu sinto que o uso do hakama e o conhecimento do seu significado ajuda os estudantes a se conscientizar do espírito de O'Sensei e a manter viva sua orientação.

Se nós permitirmos que a importância do hakama desapareça, talvez nós comecemos a admitir que coisas fundamentais para o espírito do aikido também caiam no esquecimento. Se, por outro lado, nós formos fiéis aos desejos de O'Sensei respeitando nosso traje de prática, nossos espíritos estarão sendo fiéis ao sonho ao qual ele dedicou sua vida."


(Mitsugi Saotome Sensei, "Os Princípios do Aikido". )



Imagens: Divulgação

O uniforme de Treino II: o Hakamá


O HAKAMÁ é uma calça larga do vestuário samurai e se parece com uma saia. Os dogi normalmente usados no aikido, no judo e no karatê, eram originariamente roupas de baixo. Seu uso é parte de tradição de certas cerimônias (como a cerimônia do chá, casamentos e funerais) e da prática de certas escolas de artes marciais tradicionais, como: AIKIDO, KENDO, KENJUTSU, IADO e KYUDO.

Era originariamente usado para proteger as pernas dos cavaleiros de ferimentos.- assim como as proteções de couro usadas pelos cowboys. Como era muito difícil conseguir couro no Japão, usava-se um tecido grosseiro como substituto. Depois que os samurais deixaram o uso dos cavalos e se tornaram soldados que se locomoviam a pé, eles continuaram a usar aquela proteção porque os distinguia e identificava facilmente. Além disso, a pé, o hakama esconde as pernas, tornando mais difícil prever a movimentação, dando assim vantagem em combate.
Existem diferentes estilos de HAKAMÁ. O tipo usado hoje em dia pelos artistas marciais - com "pernas"- é chamado de JOBA HAKAMÁ. Existem hakamas cerimoniais semelhante a uma saia tubo - sem pernas - e um terceiro que é uma versão mais comprida do segundo. Era usado em visitas ao Shogum ou ao Imperador e tinha de 3,5 a 4,5 metros de comprimento sendo dobrado repetidas vezes e colocado entre os pés e as costas do visitante. Isso exigia que andasse em shikko para sua audiência e tornava extremamente improvável que eles pudessem esconder uma arma ou levantar rapidamente para executar um ataque.


O significado do hakamá

Segundo Saito Sensei, as sete pregas do hakama (5 na frente e 2 atrás) não devem ser usadas como um símbolo de estatus. Na verdade, elas lembram ao praticante as virtudes que eles devem buscar:


義 - GI - Retidão, justiça, integridade;

勇 - YUKI - Coragem, valor, bravura;

仁 - JIN - Benevolência , humanidade, caridade;

礼 - REI - Respeito, cortesia, civilidade;

誠 - MAKOTO - Honestidade, sinceridade, realidade;

名誉 - MEYO - Honra, reputação, glória, dignidade, prestígio;

忠義 - CHUUGI -Lealdade, fidelidade, devoção.


Após o uso, o hakama deve ser dobrado adequadamente. É considerado boa cortesia o discípulo dobrar o hakama do professor.



Como dobrar o Hakamá



Manoel Felipe Mesquita de Albuquerque

Imagens: divulgação

O uniforme de Treino I : o Keikogui





Keikogi ou keikogui (稽古着 ou 稽古衣) é uma palavra japonesa que significa uniforme de treinamento (keiko = treinamento, prática; gi = roupa). No Brasil erroneamente o keikogui é chamado de kimono (roupa comum , coisa de vestir) ou "gi". No último caso, essa substituição é errada porque "gi" não apresenta o mesmo significado. Uma substituição correta seria "Dogi" que significa "o uniforme usado no caminho que você escolheu" pois se você colocar o nome do esporte no lugar de "do", você obtém exatamente o significado de dogi (aikidogi, judogi, karategi, etc).


O aikidogui é normalmente branco, com tecido variável conforme o sistema e o clima. É basicamente formado por Owagi/Wagi ( casaco), Shitabaki ou Zubon(calças), obi ( faixa) e zori (sandálias) . As zori foram incluídas devido serem imprescindíveis na preservação da higiene, pois não se deve pisar no tatame com os pés sujos. Alguns praticantes, normalmente faixa preta utilizam também o hakama, o qual abordaremos na segunda parte deste texto.

Após vestir a calça e o casaco, é a vez do obi. Existem várias formas de amarrar o obi ( faixa). A forma que descrevemos é a considerada mais adequada para dar uma boa firmeza na coluna vertebral.

Findo o treino, o dogi deve ser dobrado adequadamente. Após  lavado, deve ser dobrado da forma correta, pois isso aumenta sua conservação.


A origem
Sabe-se que o keikogui como hoje o conhecemos foi introduzido por Jigoro Kano, fundador do judo. Não há uma única vertente sobre como chegou ao keikogi. A opinião mais aceita é que antigamente se treinava utilizando a roupa de baixo.

O guerreiro (bushi) começava vestindo a tazuna ou fundoshi (tanga, roupa de baixo propriamente dita), de preferência de linho branco ou algodão. Depois utilizavam um colete funcional, o hadagi (os mais abastados usavam diversos robes);

Depois era colocado o "shitagi" (casaco) que lembrava o kimono do dia-a-dia, preso à cintura pela obi (faixa), que era enrolada duas vezes em volta do corpo e amarrada na parte da frente, sendo que alguns a preferiam amarrada nas costas. Este último método não era recomendado pela maioria dos veteranos, porque era difícil amarrar a obi sob a armadura, se ela se afrouxasse no campo de batalha.

Por cima, o bushi de patente de atendente do marechal, "kyushu" ou "kosho", vestia uma calça cerimonial típica (hakamá). A maioria dos bushi vestia um par de "hakamá" similar, mas um pouco menor e mais curta, chamada de "Kobakama".
Os guerreiros de classe mais baixa vestiam uma versão menor delas, chamada de "matabiki", geralmente enfiada por debaixo da camisa.

Essa teoria pode ser confirmada em antigos desenhos e fotos de prática do judo, como esta do grande campeão de judo e introdutor do judo no Brasil, Mitsuo Maeda.

A cor branca no Japão é a cor do luto. Normalmente a roupa de baixo dos samurais era de cor branca simbolizando que o bushi estava pronto para morrer a qualquer hora. Talvez aí esteja a explicação para a cor branca dos primeiros keikogis.


Por ser realmente mais prática, a ideia de Jigoro Kano foi gradativamente aceita por outras modalidades japonesas como o karatê, o aikido e o ju-jutsu. Hoje os uniformes se distanciaram um pouco da forma original, se adequando mais as realidades de cada prática.


Manoel Felipe M de Albuquerque
Aspirante a blogueiro, é instrutor de Aikido e Goshin Jitsu





Imagens: divulgação

sábado, 14 de janeiro de 2012

DICAS DE SEGURANÇA ESPECIALMENTE PARA MULHERES












Treze mandamentos incorretos




1. Andar perto de portões e muros, principalmente à noite;
2. Chegar ao carro, em um estacionamento, e só depois procurar as chaves na bolsa. Dá tempo para os bandidos se aproximarem;
3. Ir desacompanhada até o carro se observar que uma van ou perua está ao lado do seu carro com a porta aberta, facilitando eventuais sequestros;
4. Chegar em casa e ir diretamente para a porta, sem checar se existe alguém suspeito por perto;
5. Andar curvada, parecendo fraca e desprotegida. Vítima tem cara de vítima. Se não puder com você mesma, como vai se defender;
6. Dar um tapa no rosto de um homem. Faça qualquer coisa, menos isso.
7. Levar a bolsa solta, de lado ou atrás do corpo;
8. Andar de forma distraída, com fones de ouvido ou falando ao celular. Você poderá ter uma surpresa;
9. Ficar com vergonha de dizer “não” a um intrometido;
10. Abaixar a cabeça ao cruzar com um homem na rua;
11. Ao sofrer uma colisão no trânsito, sair sozinha para resolver o problema ou acompanhar o outro motorista para “ uma oficina próxima”;
12. Sofrer uma violência e deixar para lá para não estender o problema;
13. Em caso de escutar confusão ou mesmo um tiro, ir “conferir o que está acontecendo”;





Treze mandamentos corretos




1. Andar na beirada ou no meio da calçada, longe de muros e portões que podem ocultar possíveis agressores;
2. Chegar ao carro, em um estacionamento, já com as chaves na mão para poder sair rapidamente. Diminuindo o tempo de espera, diminui-se a chance de ser abordado;
3. Indo ao estacionamento, se observar algo suspeito, um individuo próximo do carro em atitude estranha, uma van ou perua estacionada ao lado de seu carro com a porta lateral aberta, dê meia volta e peça que um segurança do estabelecimento a acompanhe;
4. Sempre checar se existe alguém suspeito por perto ao chegar em casa. Dê uma volta no quarteirão antes. Muitos esperam uma oportunidade para lhe abordar na porta de casa e poder entrar ou sequestrar;
5. Andar ereta, transpirando poder e confiança. Isso vale mais que uma 45 na bolsa;
6. Concentre-se em tudo o que fizer, seja na caminhada ou fazendo compras. A distração é a mãe dos problemas. Ao caminhar, com uma certa frequência, olhe para trás e para os lados, a fim de verificar se está sendo seguida;
7. Segurar a bolsa na frente do corpo. Se estiver com carteira no bolso (da calça ou casaco), não a procure quando comentarem que “muita gente já foi assaltada por ali”. Bandidos às vezes falam isso pra saber aonde a vítima leva a carteira;
8. Fique sempre atenta a movimentos estranhos e indivíduos suspeitos;
9. Diga um sonoro “não” a qualquer abusado que quiser maltrata-la ou mexer com você;
10. Ande sempre de cabeça alta. Você não deve se envergonhar de nada, principalmente de ser mulher;
11. Ao sofrer uma colisão, evite sair do carro para discutir o assunto. Acione o seguro ou a autoridade policial. É melhor ficar com o prejuízo material do que ser sequestrada. Jamais acompanhe alguém até a “oficina de um mecânico”. Seguro existe pra isso. Se você não tem, pegue o endereço ou aguarde um parente do sexo masculino chegar;
12. Ao sofrer uma violência, procure a delegacia da mulher ou outra autoridade policial e registre queixa. É a melhor forma de se defender de novas agressões e ajudar outras mulheres a evitar o problema;
13. Caso escute um tiro. Jogue-se de imediato do chão. Após o barulho passar, espere alguns minutos para se levantar. Isso evitará que você seja atingida por uma bala perdida.




Paulus Tertius ( com adaptações)




Imagens: divulgação

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Visão geral do Systema – Arte Marcial Russa e de sua relevância para o Aikido

por Stanley Pranin
Traduzido por Nelson Wagner Santos
Vendo o Systema pela primeira vez


Minha primeira exposição ao Systema, à arte marcial russa popularizada por Mikhail Ryabko e por Vladimir Vasiliev, veio em abril 2001. Eu estava na apresentação e entrega formal do Shindo Yoshin-ryu Menkyo Kaiden ao Sensei Toby Threadgill em Dallas, Texas. Na festa que seguiu a cerimônia, um grupo se recolheu numa sala para assistir vídeos de arte marcial. Ao menos 20 de nós - na maior parte artistas marciais antigos com décadas da experiência e treinamento - prestavam atenção nos videocassetes de diversos estilos e eventualmente surgiu um de arte marcial russa que a maioria assistiu pela primeira vez.

A fita apresentava o Mikhail Ryabko que conduzia um seminário na Rússia para um grupo de artistas marciais estrangeiros visitantes. Mikhail. Um coronel recém aposentado do exército russo é um homem baixo, robusto com sensibilidade inacreditável cujos movimentos pareceram mais “aiki” do que se vê na maioria dos dojos de aikido. Os estudantes estrangeiros do vídeo eram pessoas obviamente fortes, experientes e Mikhail despachava-os fàcilmente em uma maneira que poderia parecer falsa ao olho destreinado. Nós todos fomos cativados pelas habilidades de Mikhail e alguns elogios muito agradáveis foram ditos por aqueles presentes. Eu fiz uma anotação mental para verificar mais em detalhes este Systema em alguma data posterior.


Alguns meses mais tarde eu recebi uma chamada entusiástica de James Williams da Companhia Bugei Trading que tinha visitado Toronto para atender a um seminário de Systema ensinado por Mikhail Ryabko e patrocinado por Vladimir Vasiliev. James, como é bem conhecido de muitos leitores do Aikido Journal, tem um profundo e extensivo currículo em artes marciais armadas e desarmadas e não é impressionado fàcilmente. Era efusivo em seus elogios ao Mikhail e do Vladimir e falava que nunca tinha visto uma metodologia de ensino que poderia desenvolver estudantes hábeis tão rapidamente.

Logo depois disso, eu comprei diversas fitas de Systema que apresentavam Mikhail e Vladimir para fazer exame aprofundado. O que eu vi era verdadeiramente impressionante! A abrangência do currículo e a sofisticação das técnicas eram notáveis. Não somente eu quis experimentar o Systema eu mesmo, mas eu comecei a pensar de que o treinamento misto nesta arte poderia ser de grande benefício para o aikidoka de tão compatíveis eram os dois sistemas. Foi um salto natural daí propor a James que o Systema poderia encaixar muito agradàvelmente com o tema da Expo Aiki 2003. James gostou da idéia e, com minha sugestão, estendeu um convite a Vladimir Vasiliev juntar-se ao nosso grupo de instrutores dos seminários na Expo Aiki deste ano. Vladimir pareceu encantado com este convite vindo de fora dos círculos do Systema e aceitou.

Como eu não tinha ainda nenhum conhecimento de primeira mão do Systema, eu falei com o James sobre ir a Toronto se encontrar com o Vladimir pessoalmente. James, cujo entusiasmo o com o Systema tinha redobrado após viajar a Moscou para treinar outra vez com Mikhail, pareceu-me procurar uma boa desculpa para ir uma segunda vez a Toronto.
Em Toronto com o James para encontrar-se com Vladimir.

Em 10 de outubro de 2002, eu e James embarcamos num avião para Toronto participar de um treinamento de fim de semana com Vladimir e seus alunos. Nós programamos uma hora para encontrar-se confidencialmente Vladimir para conduzir uma entrevista e para explicar em maiores detalhes o conceito por trás da Expo Aiki 2003. Eu tinha expectativas elevadas sobre Vladimir baseado no que James tinha dito a mim e a minha visão dos vídeos de Systema. Vladimir não decepcionou. É um dos seres humanos mais finos que eu me encontrei e um crédito ao tipo da pessoa que Systema desenvolve. Suas habilidades fora de serie e em consonância perfeita com a filosofia do aikido. Nunca se opõe a um ataque, mas une e conduz o atacante em uma queda ou em uma imobilização. Vladimir é humilde, mas com autoconfiança plena carregada pelos seus muitos anos de treinamento e da exposição às situações de vida-ou-morte.

Fora no tatame eu achei o treinamento em Systema muito rigoroso. Inclui muitas flexões, agachamentos, de exercícios de respiração variados, e de exercícios de fortalecimento do corpo. Desde que exigindo assim, qualquer um que treine seriamente ficará em forma muito rapidamente. As técnicas são aplicadas com movimentos tipo onda e espiral que podem se transformar em uma cascata de movimentos continuados dependendo da reação do atacante.

Uma parte importante do tempo de treinamento é devotada a lutas leves, exercícios que são completamente agradáveis e te desafiam constantemente a resistir à tentação de usar a força. As técnicas do Systema executadas no nível mais elevado utilizam somente a quantidade mínima de energia e operam-se na maior parte no plano mental/psíquico. Também, a variedade de cenários de treinamento é vasta e vai dos ataques com as mãos nuas, ao uso de várias ataque de rua e armas militares, ataques de múltiplos oponentes, seqüestros em carros, trabalho de guarda costas, etc. Você escolhe, o Systema tem um corpo de técnicas para tratar dele.

Vladimir produziu uma série de mais de 10 vídeos que apresentam Mikhail Ryabko e ele mesmo que são altamente recomendadas.

James e eu e outros dois americanos visitantes fomos convidados à casa de Vladimir para o almoço na tarde de sábado. Sua graciosa esposa Valerie e suas três meninas completam os membros da família de Vasiliev. Nós tivemos a possibilidade conversar muito e eu encontrei em Vladimir um profundo pensador e, de natureza, muito espiritual. Tem também um senso de humor terrível. Embora não dê liberdade para discutir a maioria dos aspectos de sua carreira militar, relacionasse alguns episódios que demonstraram a natureza de vida-e-morte de algumas de suas missões.

Como Mikhail Ryabko, Vladimir também é uma pessoa religiosa. Visitando sua casa era aparente pela colocação proeminente dos ícones ortodoxos russos que as observâncias religiosas são uma parte diária da vida de sua família. Ter um relacionamento intima com o Criador é uma parte essencial da filosofia do Systema. Estão aqui algumas citações de um livreto que publicou a alguns anos que dão alguns toques neste tema:
A religião é [também] importante. Compreender que, apesar de suas habilidades e experiência, que você ainda está abaixo de Deus é essencial. A Humildade deve ser mantida. Permanecer em contato com seu lado “bom” e orações regulares são essenciais a um mestre verdadeiro da arte marcial russa.

Certamente, não todos que praticam estas artes tornam-se bons e respeitosos a Deus e a natureza, mas os melhores mestres são. Quando você alcança um nível muito elevado do treinamento, você vem compreender que há algo além de você. Esta compreensão levará aos novos níveis da habilidade.

Do The Russian System Guidebook, por Vladimir Vasiliev
Citando Mikhail sobre religião durante nossa conversa, Vladimir relacionou também esta observação semi-humoristica e muito perceptiva: “[Mikhail] diz, não há nenhum ateu nas trincheiras”. Os soldados pensam em Deus “apenas no caso de”.

Sobre Systema
O Systema que está sendo ensinado hoje ao público geral foi refinado por Mikhail Ryabko e disseminado por diversos de seus estudantes na Europa e na América do Norte. Mikhail Ryabko atualmente reside em Moscou e é um Conselheiro do Ministro da Justiça na Rússia. Além das suas atribuições e deveres militares, e ensinar, Mikhail hospeda também grupos dos estudantes estrangeiros que lhe vêm para o treinamento intensivo em Moscou.

Vladimir Vasiliev é um dos estudantes avançados de Mikhail e mudou-se para Canadá em 1993. Ficou 10 anos com uma Unidade de Operações Especial da Forças Especiais do Exército Russo. Vladimir opera uma escola bem sucedida em Toronto e ensina-a principalmente no Canadá e nos EUA.

Os antecedentes do Systema voltam no passado distante da historia russa e muito do crédito para a preservação destas tradições é devido aos monastérios ortodoxos da Rússia. Depois da revolução russa as forças armadas cooptaram estas habilidades de combate e ensinaram-nas às tropas de elite. Mikhail fala que recebeu seu treinamento de um dos guarda costas de Stalin na sua juventude. Refinou ainda mais o conhecimento transmitido a ele de Systema eventualmente tornando sua forma atual.

O currículo técnico ensinado às forças do Spetsnaz é extremamente rigoroso e projetado para eliminar o medo da morte nos estagiários. Muitos dos exercícios infligiam uma dor tremenda e sofrimento entre os homens em um esforço de endurecê-los para o campo de batalha e as missões especiais perigosas. O treinamento desenvolver a intuição dos estagiários a um grau elevado e ensina-os a agir espontaneamente quando feridos.


Vladimir na ação:Ler uma descrição de alguns dos exercícios de treinamento que estes homens são submetidos deixa nos chocados e fascinados ao mesmo tempo, que os seres humanos podem resistir tal tratamento e manter um estado da equidade mental. É duro imaginar qualquer um mais preparado do que estes homens para o tipo de operações perigosas que realizam.

Filosofia do treinamento de Vladimir Vasiliev
Estão aqui algumas citações do livreto acima mencionado que dará alguma introspecção treinamento pessoal de Vladimir que foi adaptada para ser ensinando ao público geral:

… Tentar [eu] manter o divertimento nas sessões de treinamento e para incitá-lo fazer assim. Você deve ser demasiado sério no interior, mas por fora relaxado, para o seu oponente. Outra vez, eu devo pontuar: Se você for sério quando não há nenhuma ameaça, quando uma ameaça realmente chega você não terá deixado nada na reserva. Você se gastou totalmente e não deixou nada mais para fazer a transição do civil para o guerreiro.

… Para dominar este sistema você deve também poder mover-se de modo que seus membros e o resto de seu corpo possa se mover em maneiras diferentes simultaneamente. É um tipo de movimento tridimensional do corpo.

Todos os movimentos devem ser dinâmicos e multifuncionais. Você deve nunca mover-se apenas por mover-se. E em todo o momento, o corpo inteiro deve ser percebido e usado como um sistema completo. Embora uma porção do corpo possa ser movida enquanto outra relaxar, nunca deve ser desligada fisicamente ou psicològicamente separada das ações das outras partes.

… É também essencial aprender o que sua resposta natural é, de modo que você possa guardar ela para quando nas piores situações… Consciência de seu próprio corpo e a identidade junto com o que está acontecendo em torno de você é essencial para a maestria do sistema russo.

Método Russo de Saúde
Vladimir pratica também um sistema russo de saúde que foi desenvolvido por um filósofo chamado Porfiri Ivanov. Este método era também uma parte de seu treinamento ao servir na Unidade de Operações Especiais no exército russo. A premissa deste método deve ser antecipar problemas físicos antes que ocorram e estimular o sistema imunológico do corpo para expulsar a doença. Um grande cuidado é tomado para impedir que o corpo e a mente alcancem um estado de exaustão. Os exercícios respiratórios especiais e banhos de água fria diários são usados para energizar o corpo e são partes importantes deste método da saúde.

Systema e Aikido
Logo após ter começado meu primeiro contato sério com o Systema, eu comecei a pensar que muitos dos princípios e dos métodos de treinamento empregados por Mikhail e por Vladimir poderiam ser altamente relevantes à prática do aikido. Como você sabe o tema da Expo Aiki 2003 “Compreendendo o potencial do Aikido.” Bàsicamente com a Expo Aiki 2003, nossa esperança de trazer de volta o aspecto marcial do aikido que se tornou negligenciado nas praticas modernas da arte. Eu acredito que o Systema pode ter um papel significativo nesta consideração. Nós esperamos fazer o aikidoka sério reavaliar suas formas de treinamento e considerar trazer para sua prática atual mais alinhada com as técnicas e a filosofia do fundador Morihei Ueshiba.

Ueshiba O-Sensei foi influenciado pesadamente pela religião Omoto durante um período turbulento da historia japonesa. Enfatizou os aspectos marciais e espirituais do aikido e considerou os dois inseparáveis. Systema nasceu dos séculos de refinamento técnico no campo de batalha enquanto os russos repeliram uma multidão de inimigos sob circunstâncias combativas vastamente diferentes. Historicamente tem laços fortes com a igreja ortodoxa russa, uma tradição que continua com Mikhail Ryabko e Vladimir Vasiliev. Com sua ênfase dupla, no marcial e no espiritual, Systema compartilha muito terreno em comum com aikido. Aikidoka que procura revitalizar seu treinamento encontrará nas técnicas do Systema um exemplo poderoso e energizante. Systema encontrará no mundo do aikido uma comunidade grande de pessoas sérias e éticas desejosas de impactar a sociedade de uma maneira positiva e moral.

Eu estou certo que o Systema impactará a Expo Aiki 2003 de uma maneira especial nesse fim de semana de setembro 19-21. Eu estou igualmente certo que a interação entre Vladimir Vasiliev e os outros instrutores e participantes da Expo resultará num florescer da amizade duradoura e das interações importantes que reformularão nosso pensamento e prática do aikido.


Stanley  Pranin *
Fevereiro 2003


* Stanley Pranin é um dos maiores experts no ocidente de aikijutsu e daito ryu aikijutsu
 
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