sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O QUE VOCÊ NÃO SABE QUE NÃO CONHECE


Um dia depois dos testes de primeiro Dan, realizados em Maceió, Alagoas, no mês de abril do ano de 2010, conversando com o Sensei Larry Reynosa sobre essa experiência única e intensa ele me disse que o “o teste é para descobrir o que você não sabe que você não conhece” (“testing is to discover what you don´t know you don´t know”).
Ele prosseguiu explicando melhor ao dizer que de todo o conhecimento que o ser humano pode adquirir, existe uma parte que corresponde aquilo que você conhece, existe uma parte que você sabe que não conhece e existe tudo aquilo que você simplesmente não sabe que não conhece. No teste experimenta-se essa descoberta.
É claro que importa o quanto você sabe. Porém, importa muito mais viver a experiência sobre como você se comporta diante da descoberta das coisas que você não sabia que não conhecia. Veio-me a ideia de “mushin” sobre o que tantas vezes ouvimos nosso Sensei Paulus falar. A expressão japonesa “mushin” não possui similar na lingua portuguesa. Não há uma expressão que lhe corresponda com fidelidade, mas o sentido é de um estado mental de prazo reduzido em que a mente não está ocupada com pensamentos ou emoções e, portanto, está aberta a tudo.
Durante o 5° Encontro Internacional de Aikido de Maceió, Sensei Larry Reynosa falou muito sobre o sentimento do medo, que nos perturba e nos induz a fazer as coisas com pressa. Querer resolver tudo com pressa como a pessoa que ao discursar em público fala tudo muito rápido atropelando as palavras para acabar logo com o próprio desconforto e sofrimento de estar discursando em público.
Agora tudo parece mais claro e começamos a perceber as conexões entre tudo o que vivenciamos estes dias. Na Wikipédia afirma-se que o estado de “Mushin” “é alcançado quando a mente de uma pessoa está livre de pensamentos, raiva, medo ou ego durante o combate ou na vida cotidiana". Há uma ausência de pensamento discursivo e julgamento, e assim a pessoa é totalmente livre para agir e reagir para um adversário sem hesitação e sem perturbação de tais pensamentos.
Neste ponto, uma pessoa não confia no que acha que deve ser o próximo movimento, mas na sua reação natural ou treinado que é sentida de forma intuitiva. Não é um estado de relaxamento, no entanto, pois, nesse momento a mente pode estar trabalhando em uma velocidade muito alta, mas sem intenções, planos ou direção. Sem os pensamentos perturbadores com os quais nos apegamos à imagem da realidade, com a consciência completa podemos encarar enfrentar verdadeira percepção da realidade. O objetivo desse aprendizado não é ficar limitado à prática das artes marciais, mas é procurar a tingir o mesmo nível de consciência completa em outros aspectos da vida do praticante.





Sinval José Alves, 9 de abril de 2010.
Sensei Sinval é advogado, shodan do MAK e dono de uma técnica impressionante

O texto foi escrito em 09 de abril de 2010, logo apos sua aprovação para shodan. Atualmente ensina em Maceio(AL)

Imagens: Divulgação

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