sábado, 16 de julho de 2016

O CAMINHO DA ARTE MARCIAL

O texto de hoje foi retirado do Blog da Monja Cohen Sensei e foi publicado originalmente na revista Bushido Brasil. A Monja Cohen Roshi  , já foi conhecida por Cláudia Dias Baptista de Sousa, , é uma monja zen budista brasileira e missionária oficial da tradição Soto Shu com sede no Japão. 

Boa Leitura!



O caminho da arte marcial

 


Sem o controle da mente não é possível controlar o corpo. Sem conhecer a mente não é possível conhecer o corpo. Corpo e mente devem ser observados e treinados com a mesma intensidade. Os movimentos dependem de comandos mentais. As emoções podem provocar comandos imprecisos. Ter boa técnica, apenas, não é suficiente.
Um ensinamento antigo do Zen Budismo diz: "quando duas flechas se encontram em pleno ar, ponta com ponta, será somente a técnica a responsável?" Conhecer a si mesmo é transcender a si mesmo. Quando jovem aprendi Karatê-Dô. Havia um jovem brasileiro, loiro, de pernas longas, o faixa preta que todos respeitávamos. Houve um campeonato. Ele estava lá e nós jovens praticantes nas primeiras faixas, admirávamos sua técnica impecável. Seu adversário, repentinamente, deu um dos golpes proibidos e o nariz do nosso campeão sangrou. Ele ficou com raiva. Por ficar tomado pela raiva perdeu sua capacidade de analisar friamente a situação e perdeu o campeonato. Ao final, nosso Sensei, um grande mestre, disse: "quem ganhou de você hoje foi à raiva." Como isso é verdadeiro.
O que sentimos é real. Como respondemos ao que sentimos é o que nos diferencia.
Houve uma agressão desleal?
Sinal para ficar mais esperto e se desviar melhor.
Saber, com clareza, quem está à sua frente. Usar estratégias adequadas para superar os inimigos da mente tranquila.
Uma vez Musashi Sensei, grande samurai japonês que usava simultaneamente a espada longa e a curta, foi emboscado por vinte e cinco espadachins. Saiu vitorioso, embora muito, muito ferido. Quando, mais tarde, alguém lhe perguntou como havia conseguido tal façanha, respondeu: "estando presente em cada golpe, absolutamente presente em cada ataque, em cada defesa". Ele não se desesperou, não ficou ansioso e aflito.

Era tão rápido e ágil, capaz de se virar e segurar os golpes que vinham de todos os lados. Mente tranquila e impecabilidade.
Nessa mesma época, no Japão, certo dia um samurai descansava sob uma cerejeira em flor. Parecia estar coberto pelas pétalas branco rosadas e o chão era também um tapete cor de rosa. Nisso, passou caminhando um monge Zen Budista. O samurai o interpelou: "Sabe, senhor monge, eu não acredito nessas histórias de céu e inferno. Aqui está tudo tão bonito e tranquilo. Onde fica o céu e onde fica o inferno?"

O monge respondeu:
"Também você, um samurai de quinta classe, como poderia entender desses assuntos? Mal consegue levantar a espada. Bobão."
Ofendido e furioso, o samurai levantou-se de um pulo e começou a desembainhar a espada.

"Isto é o inferno", disse o monge.
O samurai compreendendo a estratégia do monge recolocou a espada na bainha.
"Isto é o céu", disse o monge e saiu sorrindo.
O samurai compreendeu. Céu e inferno dependem da nossa mente, de como lidar com a realidade.
Quando nossas emoções nos controlam, perdemos qualquer luta, qualquer batalha. Quando controlamos nossas emoções podemos vencer muitos inimigos.
Pratique artes marciais sem esquecer que sua mente também precisa ser devidamente treinada.
Pratique Zazen – a arte de se sentar em Zen (meditação) e se tornar o senhor, a senhora de si mesmo.
Mãos em prece

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