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Manoel Felipe M de Albuquerque
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| Bruce Frantzis e o criador do Aikido |
O texto de hoje é de autoria de Bruce Frantizs e ja foi publicado em varios blogs pela internet. Bruce Frantizis é faixa preta em diversas modalidades, tendo inclusive treinado com o fundador do aikido. é ainda representante taoista da linhagem da água do Tao Te Ching,do Ba gua, do Tai chi e do Xingyqan. O texto nao tem base historica e reflete apenas as ideias do autor. Optamos por reproduzi-lo aqui devido ao fato de sermos entusiastas de um embate saudavel e da pluralidade de opiniões. Boa leitura!
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Estudei com O’Sensei Morihei Ueshiba, o fundador do Aikidoi, quando cursava a universidade no Japão. Minha pesquisa indicou que o Aikido do O’Sensei foi influenciado diretamente e de forma fundamental pelo Baguai Chang.
Minha primeira experiência profunda e prolongada com um mestre de alto nível das artes marciais internas foi com Ueshiba entre 1967 e 1969. Relembrando meu treinamento com ele, parece-me óbvio que muito do que o Aikido de Ueshiba tinha em termos de técnicas físicas veio do Jujitsui.
Contudo, o chi que ele manifestava quando praticava Aikido parece ter vindo diretamente do Bagua, com alguma influência parcial do Hsing-i também.
No final da década de 60, vi pessoas no Japão que eram muito hábeis no Daito Ryui Aikijitsu, uma forma de Jujitsu na qual Ueshiba baseava seu Aikido. Porém nenhuma dessas pessoas era capaz de manipular o chi de forma tão sutil ou poderosa como Ueshiba ou mesmo articular as teorias do ki (chi), fundamentais para Aikido e Bagua.
Na verdade, Ueshiba estava bem além do nível de sofisticação do Aikijitsu. Ele tinha uma habilidade fenomenal de entrar no chi e na mente de um oponente, mudá-los de direção, conquistar e, então, brincar e liderar. Na história japonesa, não havia arte marcial que se comparasse a isso, e ninguém mais no Japão podia fazer nada assim.
Em seu dojo*, frequentemente ouvi dizer que Ueshiba passou muitos anos na China e só depois retornou ao Japão com essa milagrosa habilidade de Aikido baseada no chi. É minha opinião, baseada em memórias pessoais que tenho dele e em minha análise técnica de seus filmes 25 anos após sua morte, que é completamente razoável supor que Ueshiba estudou Bagua enquanto estava na China.
Entrar, reverter a direção e liderar um oponente, assim como as centenas de projeções sutis de energia do Aikido, são técnicas fundamentais do Bagua que existiam muito antes no nascimento de Ueshiba. Por esta razão, acredito que Ueshiba aprendeu Bagua enquanto estava na Manchúria, na China.
Antes e logo depois da Segunda Guerra Mundial, teria sido muito politicamente incorreto e contraprodutivo para a organização de Ueshiba dar mérito aos Chineses por parte da sua “nova” arte marcial, devido ao exército chauvinista e à tendência nacionalista do Japão naquela era.
Ueshiba tinha grande poder interno. O poder interno é quase incompreensível para a mente ocidental, a qual é condicionada pelas demonstrações públicas do poder externo nos filmes e na televisão. O poder externo é como ver uma pessoa com uma carteira cheia de notas de $100 – você automaticamente supõe que esta é uma pessoa rica, o que pode ou não ser verdade.
Contudo, uma pessoa extremamente abastada pode dissimular a riqueza e ter uma carteira bem fina, carregando apenas um cartão de crédito com uma linha de crédito de um milhão de dólares (o que é a natureza do poder interno).
As coisas nem sempre são como parecem. No caso de Ueshiba, isso era uma grande verdade. Quando eu estava com Ueshiba, ele estava com seus oitenta anos e era de estatura pequena, porém incrivelmente forte. Quando ele estava velho e perto do final da sua vida, seus alunos o carregavam para o dojo* numa maca.
Ele aparentava estar extremamente fraco e frágil. Contudo, Ueshiba repentinamente reunia seu chi, levantava-se e arremessava homens excepcionalmente fortes como se fossem bonecas de pano. Em seguida, ele retornava para a maca e voltava a parecer um home idoso e doente.
Com Ueshiba, você começava a esperar o paranormal. Ainda me lembro com nitidez que ele podia posicionar-se atrás de você tão rapidamente que era como se desaparecesse. O mesmo é verdade a respeito de pessoas de alto nível no Bagua.
Você podia ter Ueshiba claramente no seu campo de visão e, de repente, ele desaparecia. Então, da mesma forma repentina, ele estava de volta. Em seguida, Ueshiba fingia um golpe e, então, travava as suas articulações e te derrubava no chão. Em contraste, praticantes do Bagua normalmente golpeavam você primeiro e, só então, jogavam-no no chão.
Essa técnica de “agora você pode me ver, agora você não pode” é uma das grandes forças marciais dos adeptos do Bagua. Diferentemente de um lutador de Boxe ou de Karatê, cuja mão você pode ver movendo-se em sua direção, praticantes do Bagua têm um poder incrível e uma forma de velocidade estranha, a quel é tão sutil que você não consegue perceber sua origem ou destino.
Ao assistir a filmes do falecido mestre, pode-se ver Ueshiba demonstrando claramente muitos do princípios de chi do Bagua. Porém, enquanto o Aikido refere-se a esses princípios do chi pelos mais vagos termos (quando os princípios são de alguma forma mencionados, o que é raro), o Bagua articula esses princípios essenciais da energia com grande profundidade e os especifica de forma sistemática.
Essa valiosa habilidade de transmitir de forma intacta informações previamente acumuladas a fim de que a próxima geração possa reproduzir com exatidão as habilidades da geração anterior é parte da genialidade das artes internas taoístas.
As artes marciais internas taoístas e Qigongi (Chi Gung/Chi Kung) também articulam claramente os métodos do chi de saúde, cura e longevidade, os quais estão geralmente ausentes do Aikido moderno. Acredito que aqueles que amam o Aikido acharão interessante e benéfico explorar o Bagua Chang e o Qigong para adquirir uma compreensão prática do que O’Sensei ensinou.
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