sábado, 2 de janeiro de 2016

O PAPEL DO UKE NO AIKIDO


O texto de hoje é de autoria de Claude Walla, 6º Dan da Aikikai e foi publicado pela primeira vez no site da Federação Mineira de Aikido. O texto  pode ser lido aqui. A tradução foi feita por Maria Imaculada de Araújo Walla. Apesar de tecnicamente não representar o estilo de aikido MAK, as palavras do sensei Walla  se encaixam bem em nossa filosofia. Boa leitura!
Aracaju, 28/12/2015

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O PAPEL DO UKE NO AIKIDO


Papel do atacante (Aite, Uke)

Sensei Claude Walla - 6º Dan
O Aikido insiste no fato que, ao mesmo tempo que o Tori executa a técnica de Aikido e sai em princípio vencedor de cada encontro, o atacante ganha também em experiência, se seguir corretamente a técnica, quando de maneira repetitiva, é “projetado” ou quando jogado no solo e é seguro por uma chave. Na maioria das vezes o termo “Aite” é preferível no Aikido ao de Uke pois o praticante progride e trabalha, qualquer que seja sua situação e seu papel na prática. Mesmo como atacante, é preciso estar atento e pronto.

No Aikido, os dois termos Uke e Aite são diferenciados:

Uke : “o que sofre” é um termo tirado do Judo.

Aite : “ao mesmo tempo parceiro e adversário”, Aite segue o movimento de Tori e pode reagir e não apenas “sofrer” a técnica, Aite (a mão mútua) que empesta sua mão ao parceiro : ai (mutuo) e te (a mão).

O fundador do Aikido utilisava, aliás, exclusivamente o termo “Aite”, para marcar a não passividade do parceiro.

O Aite deve permanecer ativo permanentemente e manter uma atitude marcial, como se ele procurasse sempre uma falha para bater, bloquear ou inverter a situação; existem, aliás, técnicas de inversão (Kaeshi waza), o Aite só pode inverter a situação se ele tiver uma atitude “perfeita”. A tentativa de escapar da ação do Tori é, por outro lado, o motor de certos movimentos, como “irimi nage”: o Aite é levado para o solo girando e quando ele tenta se restabelecer, o Tori utiliza esse movimento para projetá-lo para trás, se ele não tentasse se restabelecer, o Aite ficaria em maus lençóis porque seria impossível bloquear um atemi.

O Aite deve, portanto, aplicar os mesmos princípios marciais que o Tori a fim de que a ação seja “realista”: ele deve gerir muito bem sua distância, engajar-se suficientemente na ação (ataque) protegendo-se... é o seu rigor que permitirá ao Tori realmente de progredir. Fazendo assim, o Aite também progride na prática, já que ele trabalha dinamicamente.

Quando ele ataca, é, portanto, indispensável que ele tenha uma boa postura marcial. Por isso é inútil para o Aite atacar se ele não estiver a uma boa distância ou se tiver uma má postura.

O Aite recebe então a técnica mas deve permanecer “organizado”, ativo, a fim de estar na possibilidade de inverter a situação se o Tori erra: por exemplo “absorver” o golpe com um deslocamento para não se desequilibrar, afrouxar sua posição para poder se recuperar, cair para poder se levantar mais afastado....

Graças a seu trabalho como Aite, um praticante aprende indiretamente as sensações de Tori. A progressão se faz então ao mesmo tempo para o Tori e Aite. Mesmo se existe uma certa codificação do trabalho do Aite, o Tori deve estar em condição de praticar o Aikido com não aikidoístas.

O Aikido é, antes de tudo, um trabalho pessoal e o Aite deve adjudá-lo nisso. Cada um deve ter sua maneira de ser Aite na medida em que isso não o coloque em evidência.

Este pequeno artigo aborda apenas ligeiramente o papel do Uke/Aite mas pode levá-los a, eventualmente, completar a pesquisa sobre o assunto.

Sensei Claude Walla em maio de 2014



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